A Fórmula 1 funciona com o regulamento debaixo do braço. Como qualquer gigante do esporte mundial, a categoria não dá margem para o acaso: tudo é controlado na vírgula, desde a aerodinâmica e o peso mínimo até a potência do motor, velocidade nos boxes, gestão de pneus e o teto de gastos. É esse rigor que nivela as forças do grid e garante que a disputa dentro da pista seja rápida, segura e leal.
Conhecer e entender as regras também é fundamental para quem acompanha a categoria e faz apostas esportivas. Ter a visão completa do cenário, com todas as suas nuances, permite fazer previsões mais certeiras e dar seu palpite em uma plataforma com depósito mínimo de R$ 2 ou mais, dependendo do quanto você está disposto a investir.
No entanto, algumas regras, especialmente aquelas que raramente são aplicadas, não são tão conhecidas. A regra dos 107%, por exemplo. Ela existe há três décadas, mas a maioria dos fãs de F1 sequer ouviu falar dela. Porém, quando ela entra em cena, pode pegar muita gente de surpresa. Vale destrinchar o que é essa regra e entender se ela ainda tem peso atualmente.
O que é a regra dos 107%?
A regra dos 107% da Fórmula 1 determina se um piloto está apto a largar na corrida de domingo. Se, durante a primeira parte do treino classificatório, um piloto for eliminado sem registrar um tempo de volta dentro do limite de 107% da melhor marca da sessão, ele terá que defender sua participação junto aos comissários de prova para ser autorizado a entrar no grid de largada. Para ilustrar: se a volta mais rápida do Q1 for de 100 segundos, o piloto precisa cravar um tempo abaixo de 107 segundos para garantir seu lugar na prova.
A norma foi implementada na temporada de 1996, no Grande Prêmio da Austrália, e dois pilotos foram vítimas dela logo na estreia. O objetivo da regra dos 107% era justamente barrar a entrada de carros muito lentos e sem competitividade nas corridas.
Até aquele momento, os carros podiam competir desde que houvesse vagas no grid, independentemente do ritmo que apresentavam. Mas a velocidade conta, e muito, já que carros excessivamente lentos têm potencial para criar situações perigosas na pista, principalmente quando levam voltas dos líderes com frequência.
Exceções à regra
Um piloto que não atinge a marca dos 107% ainda pode receber autorização para largar, desde que seus tempos nos treinos livres tenham se mostrado comprovadamente competitivos. Os pilotos também podem conseguir essa liberação caso provem que houve uma falha mecânica que os impediu de registrar um tempo de classificação adequado.
A regra dos 107% mencionada acima é válida para pista seca. Se a direção de prova declarar a pista molhada, a aplicação do regulamento é suspensa, uma vez que exigir tempos rigorosos em condições climáticas variáveis colocaria a segurança em risco.
A regra ainda é aplicada?
A regra dos 107% saiu de cena na Fórmula 1 entre 2003 e 2010 devido a mudanças nos formatos de classificação, retornando ao regulamento em 2011. Mas será que ela ainda tem peso? É uma questão subjetiva, já que a norma raramente é acionada na prática. A última vez que o assunto veio à tona foi na temporada 2023, quando Logan Sargeant e Nyck de Vries ficaram fora do tempo de corte nas classificações dos GPs da Arábia Saudita e do Azerbaijão, respectivamente. Mesmo assim, ambos foram autorizados a largar graças aos bons tempos registrados nos treinos livres.
A última vez que a regra de fato impediu alguém de alinhar no grid foi lá em 2012, no GP da Austrália. Pedro de la Rosa e Narain Karthikeyan, da HRT, não atingiram a marca mínima na classificação e acabaram vetados da corrida por serem considerados lentos.
A regra dos 107% ainda é relevante?
A regra é praticamente obsoleta, já que, nas ocasiões em que foi citada nos últimos vinte anos, acabou sendo relevada para permitir que os pilotos corressem de qualquer maneira. Sua existência também poderia, tecnicamente, punir um piloto que teve um dia infeliz no Q1, mesmo com um carro mais do que capaz de imprimir um ritmo forte. Pode-se argumentar ainda que ela representa uma barreira extra para novas equipes, exigindo que elas atinjam o tempo de corte logo de cara para poderem competir.
Mas a verdade é que o grid da F1 moderna é extremamente equilibrado. No Grande Prêmio da Hungria de 2025, por exemplo, a diferença foi de só cerca de dois segundos entre a volta mais rápida cravada por George Russell e a melhor marca do piloto mais lento, Oliver Bearman. Deixando problemas mecânicos de lado, essa margem relativamente pequena de tempo é comum na F1 atual.
Os tempos do Q1 neste Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 2025, por exemplo, apresentaram uma diferença de apenas cerca de dois segundos do primeiro para o último colocado. Portanto, a regra dos 107% perdeu relevância devido à estrutura técnica moderna sob a qual a F1 opera. Ela permanece ativa apenas como um mecanismo de segurança e, como raramente incomoda alguém, provavelmente continuará fazendo parte do regulamento.
