Por Carlos Garcia
Na última semana a Ferrari deu o ultimato. Caso as regras para a próxima temporada não sejam revistas ela abandona a Fórmula-1 e nem sequer faz sua inscrição para o próximo campeonato, que tem como data limite 29 de maio. Os italianos já consideram até a possibilidade de ingressarem nos campeonatos de Le Mans para compensar a ausência da principal categoria do automobilismo e creem que os fãs vão entender.
– Separo a Ferrari das outras equipes no título desta coluna simplesmente pelo fato de que a Ferrari é separada de todas as outras até mesmo no regulamento do “Pacto da Concórdia”, instalado pelas equipes pela última vez 2005, que garante a permanência das equipes que o assinaram até 2012. Em contrapartida a Federação Internacional de Automobilismo se dispõe a mexer drasticamente no regulamento apenas em caso de aceitação unânime.
– Não é a toa que eles foram os primeiros a se levantar contra a FIA e boa parte dos times a seguiram, exemplos de Toyota (que há muito busca uma forma de sair da Fórmula-1 por cima) e a Renault, presidida pelo brasileiro Carlos Ghosn, que não gosta da categoria. Afinal eles tem palavra de maior peso da aceitação das regras e também uma maior fatia do bolo nos direitos financeiros da categoria. Em resumo, por serem a mais tradicional equipe da Fórmula-1 eles tem alguns privilégios.
– Nos últimos anos essa importância foi colocada em xeque. A Ferrari conseguiu por algum tempo levar a categoria à seu modo, inclusive sendo a única das equipes a se colocoar contra a redução de testes durante a temporada, o que reduziria os custos para os menos abastados. Durante algum tempo foram eles também os únicos a treinar pois os outros times fizeram um acordo entre si e seguiram até o final.
– Porém, com a fundação da FOTA, organização das equipes de Fórmula-1, a Ferrari não só ganhou força com as equipes e se redimiu, como também foi quem se levantou para que o campeonato desse pudesse acontecer já com a redução de custos necessária com a instalação da crise econômica mundial.
– Não, eu não acredito que um campeonato possa acontecer sem a Ferrari, que agora ameaça ir à justiça para que seus direitos sejam respeitados. Max Mosley, presidente da FIA, diz que não se sensibiliza com a situação e quem não se inscrever até o dia 29 está fora. Percebendo que as coisas não são assim tão fáceis, Bernie Ecclestone, o dono da categoria, já assume que a imposição de um teto orçamentário e regras diferentes para quem não cumprí-lo são uma idiotive.
– No fim das contas, creio eu, todos entrarão em um bom acordo. Tudo porque a Ferrari surpreendentemente desta vez não usa somente sua história para protestar, ela usa também da razão. É verdade que é chata essa atitude de usar a imprensa para seus comunicados ameaçadores, mas também é verdade que a Ferrari merece nossa atenção por tudo que já produziu para a Fórmula-1, pelos inúmeros fãs espalhados pelo mundo, por sua competência mostrada durante anos.
– Dessa forma sim, é muito difícil imaginar a Fórmula-1 sem os carros vermelhos, mas é mais difícil ainda acreditar que qualquer manager de uma categoria como essa possa dar as costas ao significado destes bólidos produzidos na Itália. Ao que tudo indica tudo dará certo. Mas como a Fórmula-1 tem nos proporcionado “curtir” algumas surpresas nos últimos tempos (quem imaginava a recém criada Brawn GP dominando a categoria?) é bom ficar de olho. Ah, se eu pudesse ter certeza…
E mais…
– Litespeed, Prodrive, Lola, iSport e mais uma boa turma quer ingressar na Fórmula-1. O teto orçamentário e uma ótima idéia para que novas equipes apareçam e novos pilotos também tenha chance. Se não fosse um plano tão mal executado…
– E o novo difusor da Red Bull vem aí. A equipe que já fazia frente à Brawn em alguns momentos agora conta com a peça que tanto deu o que falar no início da temporada. É a melhor das oportunidades para se analisar o quanto o difusor duplo proporciona ganho;
– E a Stock Car a cada prova tem uma novidade negativa. Sinto por dizer isto pois é uma categoria que me agrada e que me proporcionou bons momentos como profissional do ramo. Mas esta desclassificação do Thiago Camilo foi demais. Erro crasso de quem foi eleito para julgar as manobras de pista;
– Aliás, alguns bons pilotos chegaram ao certame nos últimos anos sem muito sucesso. Agora com o carro novo é possível vê-los andando na frente e até vencendo corridas com pouco tempo de participação no grid. É o caso de Max Wilson, que conquistou belíssima vitória anteontem em Santa Cruz, digna de quem tinha total domínio do carro.
– Que derrota para Bruno Junqueira, classificar o carro para as 500 Milhas de Indianápolis e ter de entregá-lo a seu companheiro de equipe é uma daquelas derrotas que só acontecem fora da pista, e que pouco dependem dele. E olha que até pole da prova ele já foi;
– Fico esperando você para debater os assuntos no http://mundoveloz.f1mania.net e também no www.twitter.com/mvgarcia