O erro cometido por Felipe Massa logo na primeira curva do GP da Austrália, ao rodar e acertar a barreira de proteção ao buscar a ultrapassagem sobre a McLaren de Heikki Kovalainen, foi um episódio isolado e não terá maiores reflexos em sua disputa particular com Kimi Räikkönen dentro da Ferrari. A avaliação é de pilotos brasileiros da Stock Car, que vão ainda mais longe: o GP da Malásia, neste domingo no circuito de Sepang, deverá representar o primeiro passo da recuperação de Massa rumo ao título da temporada. Fã declarado da categoria, Massa costuma assistir às provas, tanto nos autódromos, quando está de folga no Brasil, quanto pela tevê em seu apartamento em Mônaco.
Na opinião de Valdeno Brito, que estreará na Equipe Medley depois de correr pela JF Racing no ano passado, Massa pode ter sentido falta do controle de tração. “Durante os treinos, Felipe mostrou estar adaptado às mudanças. Mas no calor da disputa é muito mais complicado. Talvez ainda não seja algo totalmente natural para ele”, comentou. “O bom é que o Räikkönen fez só um ponto, ou seja, não há perigo de a Ferrari começar a favorecer o finlandês”, acredita o piloto paraibano.
Vencedor da prova de abertura do calendário da Stock Car em 2007, Ricardo Maurício lamentou o incidente. “É ruim acontecer isso logo na primeira corrida. Acho que o Felipe forçou um pouco. Porém, ainda restam 17 etapas e ele está na disputa.” Todos concordaram em relação ao choque envolvendo Massa e David Coulthard, da Red Bull – os dois se responsabilizaram mutuamente pelo acidente que resultou no abandono de Coulthard na 25ª volta. “Coulthard vacilou”, diagnosticou Marcos Gomes, quarto colocado na classificação geral e melhor estreante de 2007. Novo companheiro de equipe de Marquinhos, Valdeno Brito recordou o histórico do escocês: “Ele tem mania de fazer isso: faz de conta que está sozinho na pista e fecha a porta. Piloto também tem que saber ser ultrapassado, principalmente quem anda de monoposto”.
Guto Negrão, que passará a defender a Vogel em 2008, acredita que Massa entrou pressionado pelo 4º lugar no grid, depois de uma pré-temporada dominada pela equipe de Maranello. “A verdade é que a McLaren surpreendeu com um carro muito bom. Mas não se pode condená-lo por causa de um erro. Todo mundo faz suas bobagens. Além do mais, erro por erro, o do campeão mundial Kimi Räikkönen colocando duas rodas na grama foi ainda mais grave”, ressaltou.
Os pilotos da Equipe Medley também analisaram a performance dos outros brasileiros. “Rubinho fez uma ótima corrida, sem erros, a melhor entre os brasileiros”, elogiou Marquinhos. “Só que não dá para saber se ele realmente ficaria sem combustível”, completou, referindo-se à explicação dada por Ross Brown, chefe da equipe Honda, que disse não ter escolha ao chamar Barrichello para os boxes mesmo sabendo que estes estariam fechados, porque o brasileiro teria certamente uma pane seca. Além da punição natural, esse erro da equipe japonesa resultou na desclassificação de Barrichello, já que o brasileiro não viu e nem foi avisado sobre a luz vermelha que impedia a saída dos boxes naquele momento. “Foi uma pena o que aconteceu com o Rubinho, ele fez uma baita corrida”, destacou Ricardo Maurício. “Adorei a prova do Rubinho. Será ótimo vê-lo motivado, tentando melhorar o carro da Honda”, completou Negrão.
Como Massa, Nelsinho Piquet também passou um fim de semana para ser esquecido. Enfrentou problemas desde os treinos livres, largou em penúltimo e ainda abandonou em sua corrida de estréia. Valdeno lembra que a vida do filho do tricampeão Nelson Piquet foi complicada em Melbourne. “Foi tudo ao mesmo tempo: uma pista que ele não conhecia, com pouca aderência, o carro ruim da Renault, a pressão da estréia, sem contar a inevitável comparação com Alonso, um dos melhores do mundo”, disse o “Expresso da Paraíba”.
Para Ricardo Maurício, o carro da Renault realmente não ajudou muito. “A diferença entre Alonso e Nelsinho cairia bastante se o carro fosse muito bom. Como o Renault é instável, portanto mais difícil de pilotar, a experiência do espanhol fez a diferença. Na verdade, Nelsinho teve muito azar desde o início do final de semana.” Marquinhos Gomes também defendeu o jovem piloto da equipe francesa. “Estão criticando demais, ele ainda vai mostrar todo seu talento”, finalizou. Negrão, no entanto, ficou preocupado com o cartão de visitas mostrado pelo filho do tricampeão mundial da Fórmula 1. “A diferença dele para o Fernando Alonso foi grande demais, mesmo considerando que não conhecia a pista.”