A Fórmula 1 utiliza atualmente o que há de mais avançado em termos de análise de dados e simulação de corrida por computador. Arnaud Boulanger, responsável pela telemetria e aquisição de dados da equipe Renault de Fórmula 1, fala da evolução desse sistema. Em sua opinião, no futuro, os sistemas não somente identificarão os problemas como também apresentarão a solução para corrigi-los automaticamente. A seguir, ele fala da evolução que poderá fazer a diferença para as equipes mais competitivas da categoria.
Pergunta – Os carros modernos fornecem informações riquíssimas a cada volta. Chegamos a um limite neste aspecto?
Boulanger – Quase! A coleta de informações de fato não é mais um problema. Conseguimos obter um volume enorme de dados sobre todos os aspectos que são necessários para melhorar o desempenho do carro. Nosso desafio não é mais encontrar as informações de que precisamos, mas desenvolver os sistemas capazes de interpretar os dados no menor espaço de tempo possível.
Pergunta – Isto significa que o sistema de aquisição de dados da Renault não sofrerá maiores evoluções?
Boulanger – Ele será melhorado, tornando-se mais ágil, permitindo ainda que nossas duas sedes – Enstone (Inglaterra) e Viry-Châtillon (França) – possam trabalhar com o mesmo sistema.
Pergunta – Em quais áreas a equipe tem trabalhado?
Boulanger – Estamos mais concentrados na exploração de meios que possam ajudar os engenheiros a ter acesso aos dados e a manipulá-los o mais rápido e eficientemente possível.
Pergunta – De que modo isso é feito?
Boulanger – A coleta de dados é um processo bastante simples, que dominamos em grande parte devido às soluções oferecidas pela Magneti-Marelli, nossa parceira do ramo de eletrônica automobilística. A partir disso, é nossa missão desenvolver um software que possa explorar os dados que coletamos. Inicialmente, ele deve nos ajudar a pesquisar detalhes do desempenho do carro. Depois, o programa precisa oferecer meios de melhorar este desempenho o mais rápido possível.
Pergunta – Então, a idéia é que os computadores sugiram soluções?
Boulanger – Exatamente. Peguemos o exemplo de um sensor que esteja funcionando mal. O primeiro passo do processo de análise será identificar a origem do problema. Depois, o próprio computador fará a sugestão de uma ação reparatória ao engenheiro, que apenas terá como tarefa aceitá-la, sem fazer nenhum trabalho de pesquisa para encontrar uma solução. Da mesma forma, essa tecnologia poderá ser usada para evitar a escolha errada de uma determinada peça, cujas especificações técnicas não são compatíveis com o projeto do carro ou que já tenha registrado problema em dadas circunstâncias no passado. Esta é outra forma de auxílio que gerará economia, tanto de tempo quanto de dinheiro. A médio prazo, a equipe de Fórmula 1 mais bem-sucedida do grid será aquela que domine melhor esta tecnologia de diagnóstico e prevenção de problemas eletrônicos ou mecânicos.