A Porsche finalmente quebrou o jejum e conquistou sua primeira vitória na temporada 2025 do Mundial de Endurance (WEC). No último domingo, no Circuito das Américas, em Austin, Laurens Vanthoor, Matt Campbell e Kevin Estre venceram uma prova caótica, disputada sob chuva e marcada por vários safety-cars.
O momento decisivo veio a 1h45 do fim, quando Estre colocou o Porsche #6 por dentro de Alessandro Pier Guidi, no Ferrari #51, na curva 1. O toque foi leve, mas suficiente para causar um furo de pneu no carro da Ferrari. Enquanto Pier Guidi perdia tempo, Estre disparava na frente, abrindo vantagem sobre os rivais.
A direção de prova chegou a analisar o contato, mas apenas uma advertência foi dada ao piloto francês. Nada que tirasse o brilho de sua performance: rápido em pista molhada e consistente, Estre abriu 10ss, perdeu a diferença após mais um safety car, mas voltou a construir margem para garantir a vitória com 8s6 de vantagem.
A Ferrari ainda conseguiu se recuperar com o carro #50, pilotado por Miguel Molina, Antonio Fuoco e Nicklas Nielsen. Molina chegou a perder a segunda posição nos pit stops finais para Stoffel Vandoorne, da Peugeot, mas retomou o lugar na penúltima volta, garantindo o segundo degrau do pódio.
O resultado poderia ter sido histórico para a Peugeot, que buscava seu melhor resultado desde a estreia no WEC em 2022. Ainda assim, Vandoorne, junto de Loïc Duval e Malthe Jakobsen, levou o Peugeot #94 ao terceiro lugar. O carro-irmão, de Jean-Éric Vergne, Paul di Resta e Mikkel Jensen, completou em quarto.
Apesar do revés com Pier Guidi, a Ferrari #51 ainda cruzou em quinto, somando pontos importantes com James Calado e Antonio Giovinazzi. O resultado ampliou a liderança da equipe no campeonato, agora com uma margem mais confortável na reta final da temporada.
A Cadillac também foi protagonista. Depois de um qualifying frustrante, em que arriscou pneus de chuva e ficou no fim do grid, o time se recuperou. Earl Bamber fez grande início de corrida, mas o carro #38 perdeu tempo com um susto de Sébastien Bourdais e precisou trocar o limpador de para-brisa. No fim, dividindo a condução com Jenson Button, terminaram em sexto.
O Cadillac #2, de Will Stevens, Alex Lynn e Norman Nato, também chegou a brigar pela vitória. Lynn colocou o carro em terceiro na penúltima hora, mas uma parada adiantada para troca de pilotos custou caro. Nato não conseguiu manter o ritmo e cruzou em oitavo. Entre os dois Cadillac ficou o Ferrari #83 da AF Corse, pole position com Robert Kubica, mas que perdeu rendimento após erros e problemas nos pit stops.
Kubica, ao lado de Yifei Ye e Phil Hanson, ainda tentou reagir, mas ficou apenas em sétimo. O Toyota, por sua vez, voltou a sofrer. O carro #8, de Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa, terminou em nono depois de rodadas e dificuldades no molhado. O #7, com José María López substituindo o lesionado Mike Conway, ficou apenas em 14º após atolar na brita.
Outro destaque foi a estreia do Aston Martin Valkyrie na categoria Hypercar. Os dois carros da equipe Heart of Racing chegaram a andar no top-6, mas ambos abandonaram na última hora. Detritos na pista entupiram os radiadores, levando a problemas de motor e encerrando a prova para a marca britânica.
A corrida foi tão confusa que precisou ser interrompida ainda no início. Depois de apenas uma hora, quando a prova não tinha sequer bandeira verde de fato, a direção de prova acionou bandeira vermelha para reorganizar o grid. O motivo foi um erro operacional: um safety car precisou reabastecer, e um segundo carro de segurança foi colocado em pista, o que embaralhou completamente a ordem.
Na classe LMGT3, a vitória também veio acompanhada de drama. A United Autosports levou o McLaren 720S GT3 Evo #95 ao triunfo com Marino Sato, Sean Gelael e Darren Leung. Foi a primeira vitória da equipe e também da McLaren na categoria do WEC.
O carro cruzou a linha de chegada em segundo, atrás do Ferrari #54 da AF Corse, mas herdou a vitória após uma punição. Davide Rigon, que dividia o carro com Thomas Flohr e Francesco Castellacci, recebeu cinco segundos de acréscimo por um toque em Ben Barker, do Mustang da Proton Competition.
Com a penalidade, o Ferrari caiu para terceiro, permitindo que o BMW #46 da WRT, de Valentino Rossi, Kelvin van der Linde e Ahmad Al Harthy, assumisse a segunda colocação. O trio ainda se recuperou de duas punições durante a corrida para garantir posição no pódio.
A escolha dos pneus foi crucial: quem arriscou os slicks na pista secando levou vantagem, como Rigon, que voava até cinco segundos mais rápido que os rivais ainda de pneus de chuva. O Mustang #77, que parecia favorito, despencou para sexto ao insistir nos compostos de pista molhada.
Com o sétimo lugar, o Porsche #92 da Manthey, de Richard Lietz, Riccardo Pera e Ryan Hardwick, manteve a liderança no campeonato da LMGT3. A vantagem agora é de 16 pontos, com apenas duas provas para o fim da temporada.
