Fórmula Truck e Bridgestone, uma parceria de sucesso

No início de 1994, Aurélio Batista Félix saiu debaixo de um caminhão com a roupa e as mãos sujas de graxa, para atender em sua transportadora, em Santos, algumas pessoas que procuravam pelo caminhoneiro que estava construindo caminhões de corrida. Eram representantes da fábrica de pneus Firestone, que queriam conhecer o trabalho do homem que já começava a ficar conhecido pelas apresentações que fazia em autódromos do Paraná, como Cascavel e Londrina, com a Fórmula Truck brasileira.

Aurélio já havia participado da primeira corrida de caminhões realizada no Brasil, em 1987, no Autódromo de Cascavel, e nos anos seguintes fez de três a quatro corridas por ano, com um público que crescia a cada apresentação da Fórmula Truck, mesmo com quatro ou cinco caminhões no grid. As corridas de caminhões não eram oficializadas pela CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo – e por isso Aurélio conseguia realizá-las como simples apresentações, além de promover o evento com seus próprios recursos e responsabilidade.

A visita da Firestone à sua oficina, a beira da rodovia Anchieta, representou o primeiro patrocínio da Fórmula Truck, justamente no momento em que estava sendo preparada uma apresentação em Interlagos, onde Aurélio Batista Félix pode mostrar o primeiro caminhão brasileiro de corrida aos empresários do transporte rodoviário de cargas, carreteiros, fabricantes de caminhões e alguns jornalistas do setor. “A Bridgestone Firestone foi minha primeira parceira na Fórmula Truck, em 94, e serviu para que eu me animasse em preparar mais alguns caminhões de corrida para o ano seguinte”, conta o promotor, que conseguiu um grid de largada com cinco caminhões nas quatro “corridas” de 95. Outros quatro, ainda sem as pinturas personalizadas para a pista, ficavam na reserva dentro dos boxes, para garantir o grid caso algum quebrasse antes da largada.

Além das quatro apresentações em 95, o promotor da Fórmula Truck colocou seu Volvo vermelho e branco em vários eventos em que a Firestone participou naquele ano. O sucesso das exposições do Fórmula Truck nos eventos da empresa, aliado ao público nos autódromos, que já passava da média 12 mil pessoas por prova, a CBA não teve mais como segurar o processo de homologação da categoria. No dia 28 de abril de 1996, a Fórmula Truck entrava na pista do Autódromo Internacional de Guaporé, no Rio Grande do Sul, com regulamentos técnico e desportivo finalizados, desta vez para cumprir uma temporada de oito provas, seis válidas pelo novo Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck. O patrocinador oficial era a marca Firestone, que em 2001 transferiu o apoio para a marca Bridgestone, nessa altura já tendo como parceiros no patrocínio oficial da Fórmula Truck, a Vipal e a Petrobras.

Os laços da Bridgestone Firestone com a Fórmula Truck foram ficando cada vez mais fortes e por duas vezes um presidente da companhia sentiu toda a experiência de se tornar um caminhoneiro por dois dias, dirigindo um cavalo-mecânico e puxando uma carreta de 20 toneladas de São Paulo à Goiânia. Para marcar a abertura da temporada da Fórmula Truck em 2003, Eugenio Deliberato, atual presidente, dirigiu a nova carreta da Bridgestone nos 1.100 km de estrada, atravessando três estados brasileiros, onde teve oportunidade de conviver com caminhoneiros e donos de borracharias. “Ele não largou o volante nem por um minuto“, lembra Altair Batista Félix, responsável pela montagem dos pneus dos caminhões de competição e seu companheiro de viagem.

Além de ser um dos patrocinadores oficiais da Fórmula Truck, a Bridgestone fornece de graça os pneus para as nove etapas do campeonato brasileiro. São utilizados por prova a média de 120 pneus Bridgestone R227, radiais sem câmara. Cada caminhão tem à sua disposição 14 pneus por prova, sendo oito para pista seca e seis para pista molhada. Os pneus para a pista seca têm a banda de rodagem raspada. Para a Bridgestone, que fornece aos pilotos o mesmo modelo utilizado por caminhões no transporte rodoviário, a Fórmula Truck serve de laboratório para testes em situações adversas, onde os pneus são exigidos ao máximo.

Depois das provas, a empresa recolhe as carcaças para análise. O grande desafio é fazer com os compostos apresentem o mesmo desempenho em todas as etapas, seja na alta temperatura de Caruaru, em Pernambuco, ou no frio de Tarumã e Guaporé, no Rio Grande do Sul. Um desafio que a Bridgestone Firestone vem superando há dez anos e que vai continuar motivando a empresa por pelo menos mais duas, além de 2004, já que o novo acordo assinado entre a fabricante de pneus e a Fórmula Truck vai até 2006.

A Bridgestone é o maior fabricante de pneus no mundo, tendo registrado, em 2003, um faturamento da ordem de US$ 21,5 bilhões. A unidade brasileira da Bridgestone, localizada em Santo André (SP), fabrica pneus para carga (caminhões e ônibus), SUVs e automóveis, utilizando a tecnologia Uni-Tâ , desenvolvida com base na experiência em competições de Fórmula Um.



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