Jornalista Julia Guimarães assume a cobertura da Fórmula 1 na Globo a partir de 2026, substituindo Mariana Becker e liderando a nova fase da emissora no paddock da F1
O retorno da Fórmula 1 à TV Globo em 2026 marcará também o início de uma nova fase na cobertura jornalística da categoria mais popular do automobilismo mundial. Após mais de 15 anos com Mariana Becker como rosto brasileiro no paddock, será Julia Guimarães, jornalista mineira com sólida experiência internacional, quem assumirá a função de repórter da emissora nas transmissões da F1.
Discreta fora das câmeras, mas firme, preparada e reconhecida por sua atuação precisa ao vivo, Julia terá a missão de manter o alto nível de cobertura que o público se acostumou a ver — agora em um cenário de renovação editorial e digital da Globo.
De Juiz de Fora para o mundo
Nascida em Juiz de Fora (MG), Julia Guimarães se formou em jornalismo pela PUC Minas e iniciou sua trajetória profissional cobrindo esportes em veículos locais. Foi em 2015 que ela ingressou no Grupo Globo, inicialmente no Sportv, e logo começou a se destacar em reportagens de grandes eventos esportivos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Com pouco tempo de casa, passou a ser escalada para coberturas de peso. Esteve presente nas Olimpíadas do Rio em 2016, depois nas Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar), além de atuar em torneios como a Eurocopa, o que consolidou seu nome como uma das repórteres mais respeitadas do núcleo esportivo da emissora.
Um fato marcante na carreira de Julia Guimarães ocorreu durante a Copa da Rússia, quando ela sofreu um episódio de assédio ao vivo enquanto se preparava para uma entrada ao vivo. A forma com que reagiu — reprovando com firmeza a atitude do homem — foi amplamente elogiada.
“Confesso que fiquei surpresa com minha reação. Eu nunca tinha passado por isso […]. Fiquei feliz com a minha reação. Espero que essa reação seja exemplo e reflexão para outras mulheres […] temos que reagir e não podemos deixar passar em branco”, declarou Julia após o incidente, em entrevista ao UOL.
“Nunca mais faça isso com uma mulher. Respeito!”, disse ela diretamente ao assediador na frente das câmeras, com contundência.
Essas falas projetaram Julia Guimarães como símbolo de firmeza e referência no jornalismo esportivo. O episódio ajudou a consolidar sua imagem como profissional equilibrada, ética e com posicionamento claro diante de situações de constrangimento ou violência.

Estilo firme, claro e sem pressão
Julia se destacou por um estilo jornalístico centrado na informação direta, no domínio do conteúdo e na capacidade de adaptação em ambientes de alta pressão. Ao contrário de uma cobertura baseada em holofotes ou comentários exagerados, a mineira construiu sua imagem como uma profissional de bastidor, de escuta atenta e abordagem objetiva.
Essas características pesaram na decisão da Globo ao escalá-la para cobrir a Fórmula 1 a partir de 2026. A emissora buscava alguém com perfil técnico, seguro e com experiência em ambientes internacionais. Julia, que já circulou por dezenas de países cobrindo futebol, agora passará a integrar o mundo das pistas, onde o ritmo, o acesso e os detalhes exigem sensibilidade e profundidade.
A jornalista ficará baseada em Madri, de onde partirá para cobrir as etapas da Europa, Ásia e Oceania. Sua presença também está garantida no GP de São Paulo, em Interlagos, corrida com forte apelo junto ao público brasileiro.
A missão: substituir Mariana Becker
Substituir Mariana Becker não será uma tarefa simples. Mari Becker é referência na cobertura internacional da F1. Construiu um canal de comunicação direto com os pilotos, foi respeitada pelas equipes e cativou os fãs da categoria com sua entrega apaixonada e sensível.
Mas a Globo aposta em uma abordagem complementar. Em vez de buscar uma substituta no mesmo molde de Becker, a emissora optou por uma profissional com outra linguagem — mais conectada ao jornalismo multiplataforma e ao consumo digital. Julia Guimarães chega para liderar uma nova fase da cobertura, focada em reportagens técnicas, conteúdos exclusivos e uma presença mais diversificada nas plataformas da Globo.
Mari Becker também se pronunciou sobre a mudança, reconhecendo que já havia sinais de que o caminho da Fórmula 1 na televisão brasileira tomaria um novo rumo. Segundo ela, a confirmação oficial não foi exatamente um choque, mas representou um momento difícil. “Foi doloroso”, afirmou, ao se referir ao encerramento de um projeto que descreveu como “muito bem-sucedido, delicioso de fazer e fundamental para minha carreira”, ressaltando o aprendizado e o reconhecimento que conquistou ao longo dos anos cobrindo a categoria.
Preparação para o paddock e equipe global
Embora a estreia oficial de Julia na F1 aconteça somente em 2026, o processo de adaptação já começou nos bastidores. A Globo tem promovido alinhamentos editoriais e treinamentos internos para a nova fase da cobertura, como é de costume da casa, e Julia deve atuar com liberdade para desenvolver seus próprios projetos dentro da editoria de automobilismo.
Além dela, a Globo escalou Guilherme Pereira, que será responsável pelas etapas da América do Norte com base em Nova York, e Marcelo Courrege, que também estará presente em algumas etapas, compondo o trio de repórteres que representarão a emissora nos autódromos da F1.

A Fórmula 1 e a nova era da Globo
Com contrato assinado com a Liberty Media, a Globo volta a transmitir a Fórmula 1 a partir de 2026. O acordo prevê 15 GPs na TV aberta e cobertura integral das 24 etapas pelo SporTV e Globoplay. A equipe contará ainda com Everaldo Marques e Luis Roberto nas narrações, além de Luciano Burti e Rafael Lopes nos comentários técnicos.
A Globo também estaria próxima de reforçar sua equipe de transmissões da Fórmula 1 para a temporada 2026, e o nome de Felipe Giaffone seria como uma das principais apostas da emissora para compor o novo time. A informação é da coluna F5, assinada por Gabriel Vaquer, da Folha de S.Paulo.
Para a emissora, o retorno da F1 é uma oportunidade estratégica. E Julia Guimarães é parte central dessa reconstrução. Sua entrada marca não apenas uma troca de nomes, mas uma transição geracional e editorial que deve moldar o modo como o público brasileiro se reconecta com a Fórmula 1 nos próximos anos.
