Verstappen imbatível, Russell consolida Mercedes e Sainz escreve história com a Williams. A Fórmula 1 entrou em seu terço final de temporada neste domingo (21) em Baku, e a corrida não poderia ter um enredo mais simbólico para marcar a despedida da fase europeia. Max Verstappen, tetracampeão e ainda a principal referência do grid, venceu de ponta a ponta o Grande Prêmio do Azerbaijão, alcançando o 67º triunfo da carreira, o quarto em 2025 e o segundo consecutivo após Monza.
Foi mais que uma vitória: Verstappen conquistou o sexto grand chelem de sua trajetória — pole, todas as voltas na liderança, volta mais rápida e vitória — além de somar o 14º hat-trick. A performance dominante reacende até mesmo a matemática no campeonato: agora, a diferença para Oscar Piastri caiu para 69 pontos.
Russell mantém a Mercedes na briga
Na segunda posição, George Russell ratificou o bom momento da Mercedes. Mesmo debilitado fisicamente durante o fim de semana, o britânico fez uma corrida sólida, sustentando ritmo com os pneus duros em seu stint inicial. Ao cruzar a linha de chegada, não apenas garantiu mais um pódio — o sétimo na temporada — mas também levou a Mercedes ao segundo lugar no Mundial de Construtores, superando a Ferrari.
“Foi um fim de semana difícil para mim pessoalmente, mas o carro esteve ótimo. Lewis em quarto também mostrou a força da equipe, e os pontos conquistados hoje foram fundamentais para nossa briga direta com a Ferrari”, disse Russell, ainda com a voz rouca após a corrida.
Sainz e um capítulo histórico da Williams
Se Russell comemorou, quem saiu de Baku em êxtase foi Carlos Sainz. O espanhol entregou à Williams seu primeiro pódio desde a Bélgica de 2021, um resultado celebrado como a confirmação de que a aposta feita no projeto de Grove começa a render frutos.
“Esse pódio é mais do que um troféu. É a prova de que estamos no caminho certo, mesmo diante de tantas dúvidas no início da temporada. Hoje foi tudo perfeito, do treino à corrida. É o melhor momento da minha carreira”, afirmou Sainz, emocionado no parque fechado.
McLaren em crise? Do sonho ao pesadelo
A McLaren, por outro lado, viveu um de seus domingos mais turbulentos do ano. Oscar Piastri, líder do campeonato, não completou sequer a primeira volta. Uma largada problemática, seguida pelo anti-stall, culminou em um erro na freada da curva 5 e no choque direto com o muro, causando o único Safety Car da prova. Foi o primeiro abandono do australiano desde os Estados Unidos de 2023.
O episódio abriu espaço para que Lando Norris reduzisse a desvantagem na tabela, mas o britânico acabou vítima de mais um erro nos boxes da equipe de Woking. Um pit stop de 4,1s, causado por uma roda presa, custou caro: apenas a sétima posição na bandeirada, atrás de Yuki Tsunoda.
“É frustrante. Era uma corrida que estava no nosso colo depois da batida do Oscar. Não podemos continuar perdendo pontos assim”, desabafou Norris após a prova.
Red Bull e Racing Bulls confirmam consistência
Além de Verstappen, a Red Bull também viu Yuki Tsunoda conquistar seu melhor resultado da temporada com um sexto lugar. O japonês, ainda sem vaga confirmada para 2026, fez uma corrida consistente, sem erros. A Racing Bulls também saiu em alta: Liam Lawson terminou em quinto e garantiu o melhor resultado da carreira, enquanto Isack Hadjar voltou a pontuar em décimo.
Ferrari discreta e campeonato em aberto
A Ferrari, que chegou a Baku sonhando com pódio, saiu apenas com um oitavo lugar para Lewis Hamilton e o nono de Charles Leclerc. A dupla foi discreta, e a equipe de Maranello agora vê a Mercedes abrir vantagem no Mundial.
Na tabela de pilotos, Piastri segue líder com 324 pontos, contra 299 de Norris. Verstappen se aproxima com 255, seguido por Russell (212). Nos construtores, a McLaren mantém a dianteira, mas Ferrari e Mercedes ainda estão vivas na disputa.
Vozes do pódio
Verstappen resumiu o fim de semana perfeito:
“Foi incrível para nós. O carro esteve ótimo em todas as condições, tanto com (pneus) médios quanto com duros. Claro que não é fácil aqui, com muito vento e um traçado traiçoeiro, mas conseguimos executar tudo. Essas duas vitórias consecutivas mostram que seguimos fortes.”
Russell destacou o valor estratégico:
“Não tivemos um ritmo espetacular, mas ficamos fora de problemas e capitalizamos. No fim, foi um grande resultado para a equipe, e isso é o mais importante.”
Sainz deixou a emoção falar mais alto:
“Um ano atrás apostei na Williams porque acreditava no projeto. Esse pódio prova que fiz a escolha certa. É uma recompensa pela paciência e pelo trabalho duro.”
O que vem por aí
Agora, todas as atenções se voltam para Cingapura, daqui a duas semanas. O circuito urbano de Marina Bay representa um desafio completamente distinto, de alta carga aerodinâmica e clima sufocante. Para Verstappen, será a chance de manter viva a matemática; para a McLaren, a necessidade urgente de reagir.
Se Baku confirmou a força do passado — com Verstappen ainda ditando o ritmo — Cingapura pode ser o palco da definição do futuro imediato do campeonato.
