No Paddock da F1: chefes debatem 2026, sprint em Singapura e rumores sobre Horner

Em coletiva na Marina Bay, Vowles, Nielsen e Cowell projetam a maior mudança técnica da era híbrida, falam de cultura, pilotos e deixam claro: 2026 será uma revolução.

As entrevistas coletivas desta sexta-feira (3), em Singapura, depois dos primeiros treinos livres do GP de Singapura de Fórmula 1, reuniram James Vowles (Williams), Steve Nielsen (Alpine) e Andy Cowell (Aston Martin). O trio abordou a preparação para 2026, o impacto das mudanças técnicas, o debate sobre o futuro das corridas sprint e até os rumores envolvendo Christian Horner. Também houve espaço para reflexões sobre a evolução de pilotos, transformações culturais e a integração técnica entre equipes e fabricantes.

Aston Martin e a leitura de Cowell
Andy Cowell explicou por que a Aston Martin pareceu mais confortável nas ruas de Singapura do que nas etapas anteriores. “Acho que as características deste circuito combinam um pouco mais com o nosso carro. Sofremos nas pistas de alta velocidade — Baku, por exemplo. Aqui, acho que é um pouco como Baku, mas sem o setor 3.”

Apesar do bom início, com Fernando Alonso liderando o TL1, o engenheiro manteve os pés no chão: “Você nunca deve apostar nos resultados do TL1. Não há pontos na sexta-feira.” Sobre as metas da equipe, reforçou: “Queremos ir a cada corrida e configurar o carro da melhor forma possível com o hardware que temos. Adoraríamos terminar à frente do James e da Williams, mas parabéns a eles pelo pódio na última corrida. Isso torna nosso sonho de terminar em quinto mais difícil, mas é nisso que ainda lutamos.”

Cowell também comentou a fala de Alonso, que sugeriu que se aposentar em alta em 2026 seria mais fácil do que sair em baixa. “Acho que está ligado a isso — todos queremos terminar em alta. Ele gostaria de encerrar a carreira vencendo corridas. Ele é parte enorme do time, essencial para o desenvolvimento do carro de 2026 no simulador e na configuração.”

Sobre os rumores envolvendo Horner, foi categórico: “Parece que o Christian está ligando para praticamente todos os donos de equipe no momento. Posso dizer claramente que não há planos de envolvimento dele nem em função operacional, nem em papel de investimento no futuro.”

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Foto: XPB Images

Nielsen fala da Alpine, Colapinto e sprints
De volta a Enstone após oito anos, Steve Nielsen descreveu o reencontro com a equipe: “É como voltar a uma escola antiga. Coisas familiares. Foi ótimo voltar. Agora estou do outro lado do teto orçamentário, que ajudei a discutir e implementar quando estava na F1, e é uma experiência totalmente nova.”

Sobre o “espírito Enstone”, foi direto: “Está vivo, sem dúvida. É um grande lugar, com talentos de ponta. O que colocamos na pista não reflete ainda essas habilidades. É nosso trabalho mudar isso.”

O dirigente também avaliou Franco Colapinto: “Ele teve início difícil, mas agora igualou Pierre (Gasly) nas últimas corridas. Já o superou em algumas classificações. É bom ver, mas vamos esperar antes de decidir sobre 2026.”

Quando o tema foram as sprints, Nielsen surpreendeu ao defender mais provas no formato: “Acho que as corridas sprint foram uma coisa boa. Antes eu não era entusiasta, mas agora diria que gostaria de ver mais. Três treinos livres parecem longos demais. Mais ação para os fãs é positivo.”

Vowles celebra pódio e projeta futuro
James Vowles falou com emoção sobre o pódio da Williams em Baku, conquistado por Carlos Sainz. “Foi um prêmio enorme. Não apenas para mecânicos e pilotos, mas para todos na fábrica. Colocar o troféu na recepção e ver 50 pessoas lá, emocionadas, chorando, rindo, foi algo que significou o mundo para eles. Deu à equipe crença verdadeira. Não são mais só as minhas palavras, eles podem ver e viver isso.”

Sobre Sainz, reforçou: “Foi um momento muito bom para ele mostrar por que confiamos nele. Tenho certeza de que isso vai fazê-lo crescer daqui para frente. Este é um jogo mental, e momentos positivos criam espiral de confiança.”

Vowles também trouxe uma visão ousada sobre o calendário: “Não me preocupo com Singapura como sprint. Os números sobem nos finais de semana com sprint, é um sucesso. Mas eu debateria se não deveríamos ir para um formato de dois dias — sábado e domingo — reduzindo treinos e dando mais espetáculo. Devolveríamos dias às equipes, e até permitiria mais GPs no calendário.”

Sobre Horner, foi breve: “Não houve abordagem. Mas sempre é bom ouvir. Não há razão para mudar nossa estrutura, que está funcionando.”

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Foto: XPB Images

O desafio de 2026
Os três chefes foram unânimes em destacar a magnitude das mudanças que chegam em 2026. Cowell resumiu: “É todo o carro — unidade de potência, combustíveis sustentáveis, aerodinâmica, materiais, transmissão. É empolgante e um enorme desafio.”

Nielsen destacou o inverno “praticamente inexistente” até a estreia: “Já estamos produzindo o carro de 2026 agora.” Vowles classificou como “provavelmente a maior mudança de regras que já enfrentamos, mudando motor e chassi ao mesmo tempo.”

Todos concordaram que haverá impacto na distribuição de forças, mas não como em 2014. Vowles explicou: “Não acho que será nível 2014. Será muito mais próximo. Já estamos dialogando sobre cenários de desequilíbrio para garantir que o espetáculo esteja protegido.”

Ainda sobre o Manual Override Mode (MOM), recurso que substituirá o DRS, o dirigente destacou: “Vai abrir portas para novos pontos de ultrapassagem. Não será onde você imagina. Spa, por exemplo, pode oferecer novas zonas, mas Mônaco, não. Será uma dinâmica diferente.”

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Foto: XPB Images

Sprint em Singapura divide opiniões
Sobre a escolha de Singapura como sprint em 2026, Nielsen se disse satisfeito: “Sou a favor. Gostaria até de mais corridas assim.” Cowell concordou, afirmando que “os fãs amam finais de semana de sprint, e trabalhamos para eles.” Já Vowles propôs ampliar o debate: “Prefiro pensar em dois dias de corrida em alguns eventos. Variabilidade é positiva. Três treinos livres já parecem muito hoje.”

No fim, a Aston Martin demonstrou que confia em sua adaptação circuito a circuito e na experiência de Alonso para guiar o 2026. A Alpine aposta na reconstrução cultural e no crescimento de Colapinto. A Williams vive um momento de transformação interna, usando o pódio recente como combustível para avançar. E todas convergem em um ponto: 2026 será uma revolução que exigirá engenhosidade, coragem e capacidade de adaptação, tanto técnica quanto humana.



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