O toque entre Oscar Piastri e Lando Norris na primeira volta do GP de Singapura de Fórmula 1 continua rendendo discussões no paddock. Para Jenson Button, campeão mundial de 2009, não há polêmica: foi um incidente de corrida, e o australiano deve simplesmente aceitar que seu companheiro de equipe levou a melhor.
A disputa aconteceu logo na largada, quando Piastri ficou bloqueado atrás de Max Verstappen, abrindo espaço para Norris, que havia largado em quinto, fazer um grande arranque. O britânico atacou por fora, tentando avançar para a segunda ou terceira posição. Ao desviar do carro da Red Bull, acabou tocando no de Piastri na curva 3 — e levou vantagem na briga interna da McLaren.
Naquele momento, Piastri ficou claramente irritado no rádio com seu engenheiro, Tom Stallard. “Isso não foi muito espírito de equipe”, reclamou o australiano. Em seguida, questionou: “Então, estamos de boa com o Lando simplesmente me empurrando para fora? Como fica isso?”. Quando percebeu que a McLaren não interviria, reforçou a insatisfação: “Isso não é justo, desculpa, não é justo. Se ele tem que evitar outro carro batendo no companheiro de equipe, é um péssimo jeito de evitar”.
Apesar da tensão, os dois terminaram a corrida bem colocados: Norris cruzou a linha de chegada em terceiro e subiu ao pódio, enquanto Piastri foi o quarto. Com isso, Norris reduziu a diferença para o companheiro no campeonato de pilotos para 22 pontos.
Para Button, no entanto, não há motivo para estender o conflito. “É corrida”, afirmou ao canal Sky Sports F1. “Eles estavam lado a lado. Houve um pequeno toque na traseira da Red Bull do Max, ele teve um pouco de sobresterço, o que mostra como a aderência estava baixa. Ele não tentou empurrar Oscar para o muro de propósito. Não é como se tivesse levado até a parede esperando que Oscar batesse ou sumisse. Foi no meio da curva, ele teve um snap de oversteer.”
O britânico foi direto: “Se eu fosse o Oscar, pensaria: ‘Ah, meu companheiro levou a melhor dessa vez’. E acabou”.
A McLaren, conhecida por incentivar disputas limpas entre seus pilotos, não interferiu no lance, o que levantou questionamentos sobre a dinâmica interna da equipe na reta final da temporada. Para o ex-piloto e comentarista Martin Brundle, o episódio pode marcar uma mudança definitiva no relacionamento entre Piastri e Norris.
“Foi, sem dúvida, um briefing pós-corrida bastante intenso, e não tenho nenhuma dúvida de que a dinâmica entre os dois pilotos da McLaren vai mudar de forma irreversível daqui em diante”, escreveu Brundle em sua coluna na Sky Sports. “Era apenas uma questão de tempo.”
Guenther Steiner, ex-chefe da Haas, também comentou o episódio no podcast Red Flags. “Eu diria que é hora de acelerar, e então eles vão decidir se colocam regras de equipe”, disse Steiner. “Mas não é certo que isso aconteça. Por isso não estou totalmente convencido.”
Com apenas seis etapas restantes, a disputa interna na McLaren promete ganhar ainda mais intensidade. Piastri lidera o campeonato, enquanto Norris vem crescendo nas últimas corridas e tenta encurtar ainda mais a diferença. Se a rivalidade já estava no radar, em Singapura ela foi oficialmente escancarada.
A Fórmula 1 volta no próximo fim de semana com o GP dos Estados Unidos, em Austin. E todos os olhos estarão novamente sobre os dois pilotos da McLaren, que seguem na luta direta pelo título mundial de 2025.
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