Então na Stock Car, piloto sofreu de pânico e depressão, chegando a tentar suicídio em 2009
Um dos maiores especialistas em tração dianteira do automobilismo brasileiro, André Bragantini Jr. nunca deixou dúvidas sobre seu talento nas pistas. Com títulos em campeonatos como a Copa Uno, a Copa Palio e a Copa Corsa, e desempenhos de destaque em torneio como a Copa Clio, o Trofeo Linea e o Brasileiro de Marcas, o piloto construiu uma carreira sólida nas pistas.
A ascensão como piloto também representou uma vitória sobre uma síndrome rara, a Tourette, presente na rotina de Bragantini desde a infância. Causando espasmos nervosos que provocavam movimentos involuntários e picos de voz, a Tourette não influenciava na pilotagem, mas já havia levado o competidor ao limite na vida social. Sofrendo com o preconceito e com dificuldades em sua própria rotina, André fez uma cirurgia corretiva em 2008, ano em que corria na Stock Car.
“Nas atividades em que eu fazia concentrado, não me atrapalhava, diminuía 90%. Mas a síndrome já estava num estágio muito avançado, me incomodava muito, tive problemas pessoais por causa dela. Um síndico mandou bilhete por baixo da porta dizendo “pare com esses barulhos que os vizinhos querem dormir”. Eu estava perdendo meu direito de ir e vir, de viver, por algo que era incontrolável. Então fiz a cirurgia”, relatou em entrevista ao canal Fórmula Grün.
A cirurgia consistia na implantação de um marca-passo ligado ao cérebro. André foi operado pela equipe do Dr. Osvaldo Vilela Filho, de Goiânia. Por mais de 12 horas, com o crânio aberto, ficou consciente para que os médicos encontrassem o ponto exato para a implantação dos dois eletrodos, através dos quais os impulsos elétricos passaram a agir para diminuir a intensidade e a quantidade dos espasmos.
O procedimento cirúrgico foi bem sucedido. Os espasmos, de fato, diminuíram. Só que, a partir dali, o paciente sofreu por algum tempo com os efeitos colaterais, que provocaram até um sintoma incomum para um piloto: medo de entrar em um carro de corrida.
“É inevitável que (uma cirurgia como essa) traga alguns efeitos colaterais. E isso me atrapalhou muito, foi o grande marco da minha carreira. Era 2008, o ano em que eu estava retornando à Stock Car, em busca da minha reafirmação. E eu sofri de pânico e depressão por quase três anos. O efeito colateral foi muito pior que a síndrome. Não tive um ano bom, retornei à Stock Light e em 2009, e foi nesse ano em que eu tive uma tentativa de suicídio”, revelou.
Atualmente trabalhando como coach de jovens talentos e de gentlemen drivers, André lembra que precisou de muito apoio da família naquele momento. Mas que teve que encontrar forças em si mesmo para voltar ter uma vida normal.
“Foi um ano em que eu cheguei ao fundo do poço, um ano muito difícil. Em que eu tive que me superar não mais profissionalmente, mas também como pessoa, como ser humano. Tive que me redescobrir, superar meu pânico, minha depressão. Eu fala para o meu pai: estou com medo de sentar num carro de corrida, medo de ir para a pista, de sofrer um acidente”. Pânico, de ficar apavorado.
Após superar a fase de depressão, André Bragantini Jr. teve boas temporadas no Trofeo Linea, torneio de nível nacional promovido por Felipe Massa, sendo vice-campeão em 2010 e 2012. Ainda se manteve nas pistas por alguns anos, disputando o Brasileiro de Marcas, mas já trabalhando paralelamente em sua função de engenheiro de pista. Atuando ao lado do pai na equipe RCM da Stock Car, foi uma peça fundamental para as três vitórias de Thiago Camilo na Corrida do milhão, entre 2011 e 2015.
Confira a entrevista completa:
Receba as notícias da F1Mania.net pelo WhatsApp: http://f1mania.vc/aV8
Siga-nos nas redes sociais:
Twitter – https://twitter.com/sitef1mania
Facebook – https://www.facebook.com/sitef1mania
Instagram – https://instagram.com/sitef1mania
Inscreva-se em nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/f1mania?sub_confirmation=1
Está no ar o Episódio #7 do Podcast F1Mania.net Mundo Afora – Brasileiros nas equipes de F1: Pietro Fittipaldi reserva da Haas, Sérgio Sette Câmara na Red Bull e os integrantes das academias de jovens pilotos. A análise é dos jornalistas especializados em esporte a motor Alexander Grünwald, Felipe Giacomelli e Leonardo Marson. Ouça:
Spotify – http://f1mania.vc/auV
Google Play Music – http://f1mania.vc/auU
Deezer – http://f1mania.vc/auX
iTunes – http://f1mania.vc/aRy