Guto Negrão abandona, Jorge Neto chega em 4º

A corrida da Equipe Medley Genéricos em Londrina (PR), na 5.ª etapa do Campeonato Brasileiro da Stock Car V8, neste domingo (15/06), começou bem antes da largada. Angela Genovez Bertini, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), negou a liminar aos três carros desclassificados no grid de largada (Guto Negrão, Antonio Jorge Neto e Gualter Salles). Por causa disso, Guto e Jorge Neto, que formavam a primeira fila, mais Gualter Salles (o quarto), tiveram de largar das últimas posições.

Na corrida, a vitória acabou ficando com o paulista Flávio “Nonô” Figueiredo (Scuderia 111), sua segunda vitória na categoria. Ingo Hoffmann (Filipaper Racing) chegou na segunda posição e assumiu a liderança da temporada, com 86 pontos. David Muffato é o segundo, com 75 pontos. Com a vitória, Nonô Figueiredo marcou seus primeiros 25 pontos e ocupa a 14.ª posição.

Corrida cheia de incidentes e abandonos

Em uma pista travada, como é a de Londrina, o fato de largar nas últimas posições deixa um pouco complicada qualquer tentativa de recuperação, já que a pista é estreita e tem muita semelhança com um kartódromo. “Acatamos a decisão do Tribunal, mas não tinha de onde tirar motivação para a corrida. Largar atrás em Londrina é complicado, as chances de recuperação são quase nulas e se envolver em um acidente é muito fácil”, disse Guto Negrão, que mesmo assim marcou a volta mais rápida da corrida, com 1min18s824. “Pelo menos marquei o recorde da pista. Sinal de que se tivesse largado na frente seria difícil não brigar pela vitória.”

E foi isso que aconteceu. Uma corrida cheia de incidentes, com muitos carros se tocando, saindo da pista e muitos abandonos. No início, logo na primeira volta o até então líder do Campeonato, David Muffato (Repsol), acabou rodando depois de receber um toque de Pedro Gomes (Giaffone Racing), que perdeu o controle na curva depois que Thiago Marques (Action Power) bateu em sua traseira. Muffato e Pedro caíram para as últimas posições.

Antonio Jorge Neto no início da prova teve problemas com os toques. Primeiro foi acertado pelo próprio David Muffato, que depois bateu também na traseira do carro de Pedro Gomes, em uma atitude pouco convencional no automobilismo, forçando o abandono dos dois pilotos (Muffato e Pedro). Para quem colocou uma faixa pedindo ética no esporte no Rio de Janeiro, Muffato parece não se importar com isso. Depois foi a vez de Alceu Feldmann (Texaco) jogar Jorge Neto para fora da pista quando estava sendo ultrapassado.

Mesmo com os problemas, Jorge Neto voltou para a pista com o aerofólio completamente amassado. “O aerofólio virou uma flor e deixou o carro muito difícil de guiar. No início fiz uma corrida cautelosa, porque sabia que haveria muitos acidentes, e só depois fui para cima”, disse o piloto de 39 anos. E Jorge Neto conseguiu um excelente resultado. Ao final das 33 voltas, o piloto da Equipe Medley Genéricos, que havia largado na 29.ª posição, terminou em 4.° lugar, apenas 0s422 atrás de Chico Serra, o terceiro na prova deste domingo (15/06).

No ano passado, em julho, Antonio Jorge Neto conquistou resultado semelhante, quando largou na última posição na corrida de Interlagos e chegou também na quarta posição. “Aquela vez eu tinha largado em último (27.° lugar) e consegui chegar entre os primeiros. Entrei no carro aqui em Londrina pensando naquela corrida, foi isso que me motivou. Sabia que eu tinha um carro muito bom nas mãos e minhas chances de fazer uma boa prova eram boas, apesar de saber que seria muito difícil, como foi. Estou muito feliz pelo resultado.”

Também piloto da Equipe Medley Genéricos, Guto Negrão acabou abandonando a prova a 14 voltas do final, depois de chegar a ocupar a 11.° posição. “Confesso que não tinha muita esperança na corrida, mas os problemas me fizeram abandonar”, explicou o piloto de 44 anos que recebeu um ‘drive thru’ depois de tocar o carro de Alceu Feldmann. “Ele ficou mudando a trajetória na pista na minha frente e quando fui tentar ultrapassa-lo acabei acertando a traseira dele”, explicou Guto, que perdeu a pole position por causa da gasolina utilizada no treino de classificação e da medida do tanque de combustível.

Resto da gasolina do Rio tirou a pole de Guto Negrão

Na vistoria técnica após o treino de classificação a gasolina dos carros de Antonio Jorge Neto, Guto Negrão e Gualter Salles apresentaram, segundo os comissários, coloração fora dos padrões do regulamento. Na verdade, não houve qualquer tipo de adulteração, como foi divulgado por alguns meios de comunicação, mas sim dois tipos de gasolinas misturadas, a ‘Premium’ e a ‘Avigas’. Como no Rio de Janeiro foi utilizada a ‘Premium’ e em Londrina a ‘Avigas’, os tanques dos três carros apresentaram resquícios do combustível do Rio.

“O litro da gasolina custa entre R$ 3 e R$ 5,20 e eu não jogo gasolina fora ou dou para os mecânicos”, explicou Andreas Mattheis, chefe da Equipe Medley Genéricos, sobre a gasolina fornecida pelo próprio promotor do evento. “É uma gasolina cara e sempre uso o que sobrou da corrida anterior nos treinos livres, pelo menos. Foi o que aconteceu aqui, até mesmo porque não foi divulgado nenhum comunicado oficial da direção de prova de que em Londrina iriam mudar a gasolina”, completou. Entretanto, amostras do combustível foram enviadas para análise em laboratório.

Sobre o problema na altura do tanque de combustível do carro de Guto Negrão, foram 8mm a menos que a altura limite, que é de “120mm, tomando como referência o suporte inferior traseiro do triângulo traseiro esquerdo na parte superior da chapa até o fundo do tanque”, segundo o texto do regulamento técnico da Stock Car V8. “Entendi a decisão dos comissários, apesar do texto no regulamento não ser dos melhores, deixa margem para dúvidas. Foi a borracha que cedeu esses 8mm justamente por causa do peso do combustível”, disse Guto Negrão. “Agora tenho de pensar na próxima corrida, porque já provamos que nosso carro é muito bom. Vamos provar isso na pista.”

A próxima etapa do Campeonato Brasileiro da Stock Car V8 está marcada para o dia 13 de julho, no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos. Na 3.ª etapa da temporada 2003, também realizada em Interlagos, a vitória ficou com David Muffato.

5.ª etapa da Stock Car V8 – Londrina (PR)

Resultado completo, após 33 voltas:

1.°) Nonô Figueiredo (SP) – 33 voltas, em 47min01s100

2.°) Ingo Hoffmann (SP) – a 5s691

3.°) Chico Serra (SP) – a 16s303

4.°) Antonio Jorge Neto (SP) – a 16s726

5.°) André Giaffone (SP) – a 24s796

6.°) Carlos Alves (SP) – a 28s192

7.°) Thiago Camilo (SP) – a 28s355

8.°) Mateus Greipel (SC) – a 35s638

9.°) Cacá Bueno (RJ) – a 1min06s513

10.°) Popó Bueno (RJ) – a 1min07s264

11.°) Rodney Felício (SP) – a 1min14s864

12.°) Fernando Correa (SP) – a 1min21s106

13.°) Sandro Tannuri (RJ) – a 1 volta

14.°) Thiago Marques (PR) – a 1 volta

15.°) Hélio Saraiva Jr. (SP) – a 1 volta

16.°) Neto de Nigris (SP) – a 6 voltas

17.°) Giussepe Vecci (GO) – a 10 voltas

18.°) Alceu Feldmann (PR) – a 10 voltas

19.°) Guto Negrão (SP) – a 14 voltas

20.°) Adalberto Jardim (SP) – a 10 voltas

21.°) Giuliano Losacco (SP) – a 17 voltas

22.°) Beto Giorgi (SP) – a 24 voltas

23.°) Duda Pamplona (RJ) – a 24 voltas

24.°) André Bragantini Jr. (SP) – a 26 voltas

25.°) Luis Otávio Paternostro (SP) – a 27 voltas

26.°) Aloisio Andrade (SP) – a 27 voltas

27.°) Pedro Gomes (SP) – a 30 voltas

28.°) David Muffato (PR) – a 30 voltas

29.°) Gualter Salles (RJ) – a 30 voltas

Melhor volta: Guto Negrão, com 1min18s824 (média de 143.63 km/h)

Classificação do Brasileiro da Stock Car V8

Os 10 primeiros, após 5 etapas:

1.°) Ingo Hoffmann (SP) – 86 pontos

2.°) David Muffato (PR) – 75

3.°) Chico Serra (SP) – 47

4.°) Carlos Alves (SP) – 43

5.°) Cacá Bueno (RJ) – 42

6.°) André Giaffone (SP) – 32

7.°) Gualter Salles (RJ) – 30

8.°) Duda Pamplona (RJ) – 30

9.°) Sandro Tannuri (RJ) – 30

10.°) Giuliano Losacco (SP) – 28

12.°) Antonio Jorge Neto (SP) – 26

15.°) Guto Negrão (SP) – 24