Shell busca tirar máximo proveito do seu investimento no esporte a motor no Brasil

Os patrocínios da marca cresceram em 2020, contemplando categorias nacionais, do kart ao turismo e caminhões; automobilismo virtual começou a ganhar espaço

Vicente Sfeir - Shell
Foto: Divulgação

Maior patrocinadora mundial do automobilismo, a Shell investe firme na ampliação de sua presença no mercado brasileiro. Exceto o patrocínio para levar o paulista Gianluca Petecof à Fórmula 3 Regional Europeia, “todas as demais iniciativas são para alimentar as categorias nacionais com pilotos de alto nível”, resume Vicente Sfeir, gerente de motorsport e patrocínio da Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil. E elas não são poucas.

Porsche Endurance
Foto: Luca Bassani

Atualmente, a Shell Racing está na Stock Car, a maior e mais popular categoria nacional, com quatro carros, pilotados por Ricardo Zonta, Gaetano di Mauro, Átila Abreu e Galid Osman. Compete na Porsche Cup com Werner Neugebauer. Disputa a Porsche Cup Endurance Series com Neugebauer em dupla com Ricardo Zonta, e é representada na competição por mais três pilotos Shell: Átila Abreu (com Leo Sanchez), Gaetano di Mauro (com Georgios Frangulis); e Dennis Dirani (com Alceu Feldmann). Além disso, a Shell é fornecedora oficial de combustível das duas competições e mantém Dirani como piloto consultor da categoria.

500 Milhas de Kart
Foto: José Mário Dias

No kartismo, porta de entrada do automobilismo, a Shell apoia a equipe ONS Bravar. Em 2020, a marca ampliou seu investimento em relação a 2019 para estrear como dona do naming rights da Copa HB20, disputada com carros da Hiunday, e como patrocinadora do piloto Diego Ramos. E estreou na Copa Truck, patrocinando o piloto Djalma Pivetta, dono da equipe Iveco Usual Racing. De olho no futuro, entrou no automobilismo virtual com Erick Goldner, que vem se destacando em várias competições, já conquistou o título dos campeonatos Road to Pro e B8 Seguros, promovidos pela IRB eSports, e atualmente disputa com um Porsche 911 GT3 Cup o Masters of Track Pro 2020, um dos mais tradicionais campeonatos virtuais do País, e com um protótipo LMP2 o P1 Speed Sportscar Championship, com provas de endurance. E a Shell ainda colocou Gaetano di Mauro para disputar o campeonato virtual da Turismo Carretera, maior categoria da Argentina e mais antiga categoria do mundo em atividade. Isso porque a a Raízen Brasil comprou as operações da Shell na Argentina e se tornou fornecedora oficial da Turismo Carretera em 2020, em seu primeiro passo em motor esportes no país vizinho. Ter di Mauro, que gosta de corridas virtuais, no campeonato ajuda a divulgar a presença da Shell naquele mercado.

Ricardo Zonta - Stock Car
Foto: José Mário Dias

NEGÓCIOS – Tudo faz parte de um plano só, Sfeir explica: “Hoje, todas as iniciativas de marketing precisam também entregar resultados para os negócios. E apesar de a marca Shell ter DNA em motor esportes, a gente criou algumas mecânicas para que o motor esporte trouxesse algum tipo de resultado financeiro para o negócio, e para alguns negócios, não só o negócio de combustíveis”. Por exemplo, todos os usuários do aplicativo Shell Box tiveram desconto de R$ 5 ao abastecer seus veículos com a gasolina Shell V-Power no dia seguinte à vitória de Ricardo Zonta na Corrida do Milhão Solidário, da Stock Car, em agosto passado. “A gente traz benefícios e resultados para a marca, e gostamos de compartilhar esses benefícios também com nossos consumidores”.

Diego Ramos - Copa Shell HB20
Foto: José Mário Dias

Outro exemplo é a presença da Shell na Copa HB20 nesta e na próxima temporada: “O naming rights da Copa HB20 também vem em linha com estratégias comerciais. A Hyundai é um parceiro global da marca ,e com a categoria monomarca no Brasil crescendo, indo para seu segundo ano de uma forma sólida, acabamos unindo relação comercial com motor esporte e endossamos agora uma categoria de 35 carros monomarca e monogestão”. A parceria inclui fornecimento do V-Power Etanol e de lubrificantes Shell Helix para todos os carros. Shell e Hyundai atuam juntas em mais de 70 países, desde 2005, desenvolvendo lubrificantes específicos para os veículos da marca, e desde 2014 no Campeonato Mundial de Rally (WRC) em que a montadora sul-coreana sagrou-se campeã pela primeira vez em 2019. Negócios à parte, a Shell preferiu também ter um piloto seu na Copa HB20: “Para complementar o patrocínio, a presença institucional na categoria, e considerando que a gente tem pilotos da marca em desenvolvimento em diferentes níveis e categorias, entendemos que era importante também tem um piloto representando a marca no grid”.

Djalma Piveta - Truck
Foto: Rafael Catelan

A Copa Truck é mais um caso. Djalma Pivetta conquistou o patrocínio da Shell no âmbito de uma campanha visando a frota pesada, em que os caminhoneiros que abastecem suas máquinas em postos nas rodovias ganham uma miniatura de caminhão mediante pagamento de valor adicional. Mas também não é só isso. Patrocinando Pivetta, a marca ganha o endosso da categoria para seu Diesel Evolux. Assim como a Copa Shell HB20 endossa o Shell V-Power Etanol. Com esses patrocínios, a marca completou os endossos de competições automobilísticas a toda a sua linha de combustíveis, ao lado da Shell V-Power na Stock Car e da Shell V-Power Racing na Porsche Cup.

“A plataforma de motor esportes da Shell compõe o plano de marketing da marca no Brasil, dando endosso de qualidade, tecnologia e performance aos nossos produtos, que, com isso, trazem uma diferenciação em relação aos nossos competidores”, diz Sfeir. E lembra que a Shell tem globalmente no seu DNA a ligação com corridas de carro. Por exemplo, já patrocinava Enzo Ferrari nos anos 1920, como piloto, antes mesmo de ele criar a Scuderia Ferrari e de surgir o campeonato que depois se tornaria a Fórmula 1, em 1950. Nessas décadas todas, o princípio “from track to road”, de transferência de tecnologia das competições para os produtos disponíveis ao consumidor, se manteve um pilar da estratégia global da Shell.

Erick Goldner
Foto: Ferrari Promo

VIRTUAL E ELÉTRICO – Em outra vertente, a Shell Racing Brasil enfrentou o novo coronavírus entrando no mundo das corridas virtuais com o piloto mineiro Erick Goldner. “O envolvimento com o automobilismo virtual já era um desejo. É um segmento que vem crescendo muito e com ele a gente pode complementar toda a estratégia que temos nas diferentes categorias na pista. A pandemia de covid-19 acabou acelerando isso, e nós criamos uma seletiva junto com a Porsche para definir o primeiro piloto virtual da Shell no mundo. É brasileiro e a gente vem tirando bastante proveito dessa nova plataforma”, conta Sfeir. Como? A curto prazo, o retorno é de mídia espontânea, com a boa performance de Goldner noticiada não só por publicações de automobilismo, mas também do universo dos games, que não é pequeno, reforçando o nome Shell em um novo nicho. A longo prazo, contribui para a manutenção da reputação da marca.

Aliás, longo prazo é algo a que a Shell, pioneira no marketing esportivo do automobilismo, se mantém atenta. Em 2019 estreou como patrocinadora dos quatro carros das equipes da Nissan e da Mahindra na Fórmula E, disputada por monopostos elétricos. Por quê? A Shell vem se posicionando como uma empresa de energia e não só como uma petroleira. Números de 2019 indicam a produção de mais gás natural do que petróleo. No ano passado, a marca lançou sua primeira linha de e-fluidos. Pois veículos elétricos têm componentes mecânicos de transmissão e rolamentos que precisam ser lubrificados, além de fluidos também serem necessários para gerenciamento térmico. Afinal, a busca por inovação é outro pilar importante da Shell. Mais do que nunca, o conceito “from track to road” valerá muito nas próximas décadas, com a evidente evolução dos veículos movidos a eletricidade. Há estudos indicando que eles representarão metade da frota mundial de veículos até 2030, que está logo ali adiante.

 

Estela Craveiro (MTb 15.590/SP) é uma jornalista paulistana experiente em muitas áreas, entre elas negócios, marketing e automobilismo, setor que descobriu como repórter do jornal de economia Gazeta Mercantil, no fim dos anos 1990, e com o qual se manteve envolvida até metade da década passada, como repórter, criadora de sites e assessora de imprensa de pilotos. Agora, retorna ao esporte a motor com o F1Mania.net, para trazer matérias, entrevistas e notas sobre marketing esportivo. E-mail para contato: [email protected]