Coluna Grand Prix: Vem briga boa por aí

O Mundial de 2004 pode até não ter a mesma marca de oito vencedores diferentes em 16 corridas, que tanto valorizou o último campeonato, incluindo o próprio título de Schumacher. Mas que está pintando uma disputa mais equilibrada, nem as habituais camuflagens que se vêem nos testes pré-temporada são suficientes para negar. É verdade que a Ferrari ainda testa seu novo carro a portas fechadas, mas McLaren e Williams, há muito, dividem os recordes das pistas por onde passam nesse período, ameaçadas – e não é pouco – pela Renault e, de vez em quando, por uma BAR que, por mais disposta que esteja a qualquer tipo de artimanha para aparecer, tem demonstrado uma força que não tinha. E olha que Toyota e Sauber ainda não mostraram tudo o que podem. A Toyota, agora contando com o genial engenheiro Mike Gascoyne, que ela tirou da Renault; e a Sauber, mais do que nunca parceira da Ferrari.

Se a temporada de 2003 já foi um modelo daquilo que o torcedor gostaria de ver na F-1, esses tempos de aquecimento para o novo campeonato que vai começar dão mostras de que, pelo menos, Schumacher não vai encontrar moleza. O alemão soube sentir o momento e parece se motivar com isso. No ano passado, quando tudo parecia muito fácil, ele pareceu desmotivado a ponto de ficar sete corridas sem fazer a pole e cinco sem, ao menos, liderar uma única volta. Não fosse a reação em Monza, empurrado por uma Bridgestone disposta a ganhar o campeonato de qualquer forma, teria sido quase impossível ele se manter na briga pelo título. Agora, a possibilidade de uma disputa ponto a ponto parece trazer o alemão de volta aos primeiros anos de carreira na F-1. É a chance de ele provar, aos poucos que ainda duvidam de seu supertalento, que é um dos maiores pilotos da história.

Dos novos carros da Williams e McLaren não há mais o que dizer, a não ser que a McLaren já prepara uma versão B do seu MP4-19. A Renault, mesmo sem Gascoyne, deixa claro ter criado um carro muito bem adaptado ao seu novo motor. A BAR pode estar blefando, como as pequenas e médias costumam fazer nesse período de testes, mas tem sido consistente não só com Jenson Button, mas até com Takuma Sato, além de, às vezes, permanecer na pista por mais de 100 voltas, como fez Button em Barcelona na quarta-feira, o que é sintoma de que já não se trata de jogada de marketing. E podem esperar, que ainda vem aí a Toyota, com Gascoyne e mais o que a equipe aprendeu no campeonato passado. Tudo isso somado significa que a brigada Michelin vem bastante reforçada para tentar acabar com a hegemonia da Bridgestone. Todas essas equipes correm com os pneus franceses, inclusive a BAR, que até o ano passado era Bridgestone. A marca japonesa vai ser defendida apenas pela Ferrari e sua parceira Sauber, já que, exceto por um milagre, a Jordan não conta, e a Minardi, nem com milagre.

Força da BMW

Com 16 anos de idade, mas já contando com um ano de experiência internacional, o paulista Átila Abreu faz em 2004 sua segunda temporada na Fórmula BMW, mas, desta vez, com apoio oficial da fábrica, graças ao fato de ter sido vice-campeão entre os estreantes no ano passado, quando conseguiu dois pódios (3º lugar). Átila é bicampeão brasileiro de kart (1999 e 2000) e, em 2002, foi terceiro no campeonato europeu, de onde conhece o austríaco que, agora, será seu companheiro, Christopher Wassermann, que faz parte do programa Red Bull para desenvolvimento de novos talentos. A Fórmula BMW é preliminar do GP da Europa de F-1, em Nürburgring, no dia 30 de maio.

Único na F-3000

O último ano da Fórmula 3000, que em 2005 será substituída pela Fórmula 2 (com motores Renault), terá apenas um brasileiro, que é o carioca Rodrigo Ribeiro, campeão sul-americano da F-3 Light. O objetivo é conhecer as pistas, enquanto não chega a nova F-2.

Arte em miniatura

Para quem não tem como conseguir o capacete original dos pilotos de Fórmula 1, já existe no Brasil uma coleção de cópias féis na escala 1:2 com pintura igual à original pelos padrões de réplica aceitos pelos colecionadores. Trata-se de um trabalho artesanal de Álvaro Imperatriz Filho, da Model Arts, que já fez trabalhos para o Instituto Ayrton Senna em 2003, e hoje é o único no mundo autorizado a produzir miniaturas para Juan Pablo Montoya. As primeiras mil cópias de capacetes do colombiano foram vendidas em duas semanas, incluindo 120 peças autografadas pelo piloto, que na Alemanha – terra do rival Schumacher – foram vendidas a 399 dólares cada. No mundo todo, só existem outros três fabricantes como a Model Arts, que, se encontrar parceiros investidores, pretende produzir três mil peças por mês de qualquer tipo de réplica, de capacetes a carros e barcos.

Vida mundana

Quando escrevi do spa na semana passada, deixei enfurecidos os amigos que chamei de gente que só pensa em bar, queijos, salames, costelinhas etc. Desde então recebi muita reclamação e até um quadro anunciando “open bar” durante a semana seguinte inteira na minha casa. Já vi que vou pagar caro, mas a intenção foi contar o quanto a gente aprende a viver sem isso. Só que o spa não é para sempre, é uma coisa planejada para um espaço curto, necessário para repor nossas energias e nos ensinar uma nova forma de alimentação e atividade física. Feito isso, atendendo aos apelos daqueles amigos do bar e de tudo o mais, quero dizer que, devidamente refeito, estou de volta à vida mundana. Não fosse assim, não encontraria razão para, em breve, voltar ao spa. Vou guardar lembranças dos grandes papos com Mário Prata, Ethevaldo Siqueira, o novo amigo fotógrafo Ricardo Mendes, e esta “figuraça” do Pedro Martinelli, um dos maiores fotógrafos e contadores de história deste país, de quem ainda vou provar, na semana que vem, a arte culinária em fogão a lenha.

Comentarista das corridas que são transmitidas pela Rede Globo de Televisão.

Escreve colunas para o jornal “O Estado de São Paulo” há 10 anos, que são publicadas todas as sextas-feiras.

Leme é colunista da F1Mania.net desde o dia 08/08/2003.