“Novo Vettel” à caminho?

Com apenas 14 anos, o jovem Gianluca Petecof se despede do kart com sonho de ter carreira semelhante a de seu ‘maior ídolo’

Por Carolina Alberti

Loiro, baixo, magro, piloto de automobilismo e iniciou a carreira do kart. Quem diria que o alemão dono de quatro títulos mundiais Sebastian Vettel tivesse um sósia justamente no Brasil. Com apenas 14 anos, e quase da mesma altura de seu ‘maior ídolo’, o jovem piloto da Shell Racing, Gianluca Petecof quer seguir os passos “gêmeo alemão”.

Ingressando no mundo do automobilismo graças ao pai, que era piloto amador, o jovem paulista se despede do kart rumo à Formula-4. Sexto colocado no mundial deste ano, a promessa brasileira conheceu o ídolo no GP do Brasil e acredita que sua forma de correr é próxima a de Vettel. Com um repertório de gente grande no que diz respeito à Formula-1, Gianluca relembra o primeiro contato com o alemão.

– O Vettel eu conheci há dois anos, no GP do Brasil. Este ano, eu corri na equipe Tony Kart na Europa que tem uma parceria com a academia de pilotos da Ferrari, então eu pude fazer umas atividades e encontrá-lo também. Ter este contato com o meu maior ídolo é realmente uma honra.

Gian também conta que foi a partir das reuniões de seu pais com os amigos para ‘brincar’ de kart que surgiu a sua paixão e vontade de tentar a carreira como piloto.

– Quando eu nasci, em 2002, meu pai parou de correr, mas ele era piloto amador. Ao longo dos anos, eu sempre tive contato com os amigos dele, que iam em kart indoor, para brincar mesmo. Quando eu fiz seis anos, começou o meu interesse em ir para o kart também. Eu via ele ir com os amigos e pedia para ir junto. O que começou como um interesse de um dia ou outro, evoluiu para quase todo dia. No final de 2009, fizemos contato com uma equipe profissional e já em 2010 eu comecei nas competições federadas em São Paulo, depois fora do Brasil. Pretendo seguir neste caminho e, um dia, estar na posição do Sebastian Vettel.

Tão presente na fala de Gian, o alemão também está, como conta o jovem, no seu estilo de pilotar.

– Eu sou um piloto bem agressivo, que busca sempre o limite, procura usar a força e motivação da equipe para obter resultado. Acho que o Vettel usa isso. Nas corridas, ele sempre fica decepcionado quando algo não dá certo, mas sempre que ele conquista algo, dá muito valor para a equipe. Mesmo nesses últimos anos com a Mercedes um pouco à frente, ele pôde tirar o máximo da Ferrari, ganhar corridas, fazer poli positions, disputar o título este ano. Me identifico muito com ele.

Ainda non início de sua caminhada, o paulista pode estar prestes a dar um grande salto na carreira, rumo a Fórmula-4.

– É uma grande possibilidade. A Fórmula-4 é o primeiro passo depois do kart. É um carro menos potente e com menos força aerodinâmica do que o da Fórmula-1, mas o esquema do carro é bem parecido. Tem ainda alguns campeonatos que a gente está avaliando. Ainda existe uma possibilidade pequena de fazer kart ano que vem, mas agora é fechar tudo para, em 2018, começar a preparação.

Como todo bom fã, a torcida de Petecof no GP do Brasil será para Vettel. Contudo, o brasileiro já avisa que seu ídolo não terá um caminho tranquilo até o topo do pódio.

– Eu estou torcendo muito pela Ferrari, principalmente pelo Vettel, mas acho que vai ser um grande desafio. Tem a Red Bull com o Verstappen e o Ricciardo, a Mercedes com o Hamilton e o Bottas e o Kimi na Ferrari também. Vai ser uma grande batalha.

Um toque do Brasil

Apesar de tem em Vettel grande parte de suas referências como piloto, Gianluca também busca inspiração nos pilotos nacionais. Com o início de um jejum de brasileiros na Fórmula-1 marcado para 2018, o jovem revela tristeza com o anúncio de aposentadoria de Felipe Massa.

– Eu estou triste por esta notícia do Massa e por não ter mais um piloto brasileiro na Fórmula-1. Vai ser o primeiro ano sem um brasileiro desde 1970, quando o Emerson Fittipaldi começou a correr. No Brasil, é difícil não falar do Senna. Para mim é um pouco mais distante, fica mais o legado dele, vídeos e fotos. Nós temos oito títulos na Fórmula-1, mais de 100 vitórias. Recentemente, tivemos brasileiros na Ferrari, com o Barrichello e o Massa. Claro que no Brasil têm grandes influências, o Vettel é um pouco mais próximo, porque ele começou a ganhar títulos quando eu comecei a correr de kart.

Além disso, Petecof vê uma carência nas categorias de base no automobilismo brasileiro e agradece a iniciativa pioneira da Shell em oferecer suporte à jovens pilotos.

– Essa oportunidade de representar a Shell e que a empresa dá suporte para novos pilotos é incrível, algo novo no país. Acho que o Brasil está carente desse suporte na base do automobilismo. O último piloto que veio desde a base com suporte foi o Massa. Desde lá tiveram alguns outros, como o Lucas Di Grassi, Bruno Senna e, mais recentemente, o Felipe Nasr. Acredito que o automobilismo vai passar por um período de reformulação, mas, com certeza, a gente vai buscar preencher este espaço.