F1: Steiner fala em seu livro sobre o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia

O chefe da Haas, Guenther Steiner, falou sobre o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia no início de 2022, e as consequências para sua equipe na Fórmula 1.

Embora os efeitos da invasão da Ucrânia por Vladimir Putin em fevereiro de 2022 tenham sido sentidos de forma mais severa na Europa, também teve um impacto significativo no mundo da F1, principalmente na equipe Haas.

Desde 2021, a Haas recebia dinheiro do oligarca russo Dmitry Mazepin, para garantir a seu filho, Nikita, uma vaga na equipe, através do patrocínio da Uralkali, de propriedade de Dmitry.

Mas quando várias sanções foram rapidamente impostas às atividades russas, após o início da guerra, isso significou que o dinheiro do patrocínio deixou de entrar na equipe, logo que a Haas rescindiu o contrato de patrocínio da empresa Urakali e o contrato de piloto de Nikita Mazepin.

É unanimidade que a Haas agiu corretamente cortando os laços com a Uralkali e a família Mazepin, depois da Rússia ter invadido a Ucrânia, e ainda durante os testes de pré-temporada de 2022. A equipe logo encontrou um substituto para o piloto russo, trazendo de volta o ex-piloto da equipe, Kevin Magnussen, antes de anunciar um novo patrocinador principal, a empresa americana de transferência de dinheiro MoneyGram, pouco antes do GP dos EUA de 2022.

A fatídica data de 24 de fevereiro de 2022, foi detalhada em um novo livro escrito por Steiner intitulado ‘Surviving to Drive’.

“Caramba. Que dia!”, escreveu Steiner no livro. “Tive que fazer anotações para não esquecer nada.”

“Acordei com a notícia de que a Rússia invadiu a Ucrânia. Obviamente, sinto muito pelas pessoas que são diretamente afetadas por isso, mas só posso cuidar do meu próprio navio”, continuou Steiner.

“Quando se trata de automobilismo, todos os olhos estão voltados para nós no momento. Eu nem liguei meu telefone até chegar à pista esta manhã, pois sabia que estaria tocando sem parar. Quando finalmente o liguei, havia mais de 100 mensagens de texto e cerca de 70 mensagens de voz. A primeira pessoa que vi quando cheguei, foi um dos nossos engenheiros, que me fez rir.”

“Guenther”, disse ele. “Só a Haas poderia ter um piloto russo e um patrocinador russo, no início de uma guerra russa, que fez todo mundo odiar a Rússia!”

“Quase molhei as calças, mas ele estava certo. Temos algum tipo de maldição sobre nós, eu acho”, acrescentou o chefe da Haas.

Steiner passou a detalhar as conversas que teve com Nikita, mas o relacionamento certamente não terminou de forma amigável, com o russo expressando repetidamente seu descontentamento com sua demissão e também iniciando um processo legal contra a Haas por supostos salários não pagos no ano anterior.

“Tive que ter uma conversa muito difícil com Nikita Mazepin”, lembrou Steiner. “Sei que seu pai, Dmitry, que é o acionista majoritário de nosso principal patrocinador, Uralkali, é próximo de Vladimir Putin e, no final das contas, não quero que nosso time seja associado a alguém que inicia uma guerra, sabe?”

“Nikita disse que não estava interessado em política e só queria pilotar. Eu entendo e aprecio o que ele está dizendo, mas é um pouco mais do que isso. É muito difícil para todos”, Steiner continua no livro.

“Fui ao meu escritório para uma reunião do conselho. Eles queriam saber o que eu pensava, como chefe de equipe, então falei a eles. ‘Vamos largar a marca Uralkali’, eu disse. ‘Mudamos a pintura para branco e vamos dizer para todo o mundo que foi isso que fizemos’,” continuou.

“Se mantivéssemos a Uralkali como patrocinadora e os tivéssemos em nossa pintura, seríamos crucificados pela mídia, pelos fãs e pela FIA. Seria suicídio e já tenho o suficiente no meu prato!”

“A coisa toda, é o que as pessoas hoje em dia chamam de uma ‘situação fluida’, o que basicamente significa que ninguém sabe nada sobre o que está acontecendo. Eu ouço isso o tempo todo. Está na moda hoje em dia”, acrescentou.

O lançamento desse livro de Steiner já está próximo, e vai acontecer no dia 20 de abril na Europa. Ainda não está claro se será lançado no Brasil, nem quando seria isso.