F1: Parece mentira, mas não é: acontecimentos dignos de 1º de abril

A F1 é, sem sombra de dúvidas, a principal categoria do automobilismo mundial. E em seus mais de 70 anos de história, feitos, conquistas e até mesmo episódios aconteceram e que parecem não ser de verdade, mas foram e ficaram gravados para a eternidade.

Quando o GP da Inglaterra aconteceu em 1950, o primeiro da vida do certame, certamente não se esperava o tamanho que o campeonato iria alcançar. Muito menos que no futuro, pilotos iriam bater recordes com sete títulos, mais de cem vitórias, mais de cem pole-position, um piloto de apenas 17 anos disputar uma prova, enfileirar cinco canecos consecutivos.

Histórias como essa poderiam até parecer invenções no passado, mas são uma grande realidade. E portanto, nesta segunda-feira, 1º de abril, mundialmente conhecido como o dia da mentira, separamos outros acontecimentos dignos de deixar qualquer um se questionando sobre a veracidade.

Equipe totalmente brasileira

O grid da F1 já contou com uma equipe completamente brasileira e com dois grandes nomes envolvidos: Emerson e Wilsinho Fittipaldi. A grande estreia aconteceu no GP da Argentina de 1975 com Wilsinho como piloto e, no total, disputou 104 etapas, tendo uma segunda colocação no GP do Brasil de 78 como melhor resultado. A maior parte dos competidores que correu no time eram brasileiros, alguns dos nomes sendo Chico Serra, Ingo Hoffmann e Alex Dias Ribeiro.

Carro com seis rodas

Parece mentira, mas não é. Entre os anos de 1976 e 1977, a Tyrell adotou no grid o P34, que foi guiado por Jody Scheckter, Patrick Depailler e Ronnie Peterson. Acontece que o monoposto não foi um qualquer, mas contava com quatro rodas dianteiras e duas traseiras, todas esterçantes, e uma tentativa do engenheiro Derek Gardner de reduzir a área dianteira do carro e, assim, melhorar a aerodinâmica. Apesar de parecer absurdo, a Tyrell ainda conseguiu uma vitória com dobradinha no GP da Suécia de 76.

Vitória cruzando a linha de chegada pelos boxes

O GP da Inglaterra de 1998 teve uma das vitórias mais polêmicas da F1. Naquela prova em Silverstone, onde um manifestante pelado invadiu o traçado antes da largada e a chuva faria um importante papel, Mikka Hakkinen, Michael Schumacher e David Coulthard seriam os nomes que brigariam pelas posições da ponta. Após um começo tranquilo, as condições foram complicando com o andar da prova e dentre os ponteiros, Coulthard foi o primeiro a ficar pelo caminho. Na sequência, mais alguns incidentes aconteciam, mas Mikka e Michael se mantinham na ponta.

Em determinado momento, o safety-car foi para a pista e em regime de bandeira amarela, o alemão da Ferrari ultrapassou Giancarlo Fisichella antes da relargada. Nisso, acabou punido com uma passagem de 10s nos boxes – nada de drive-thru, apenas ir aos boxes, ficar parado e sair. Acontece que a penalização não foi informada de imediato e com a prova recomeçada, Hakkinen escapou, mas se manteve na prova, e permitiu a passagem de Michael.

E foi com apenas duas voltas para a bandeirada que a direção de prova anunciou a punição de Schumacher que, por ordens da equipe, faria a parada apenas na última volta e cruzaria a linha de chegada pelos boxes, já que se parasse e voltasse para a pista, não teria tempo hábil de se manter à frente do adversário. Dito e feito, garantiu a vitória.

Muita discussão aconteceu em cima da decisão, mas a Ferrari argumentou que a penalização deveria ter sido avisada em 25 minutos após a infração, não 31 como foi feito, além de a notificação escrita à mão não estava clara se seria um stop and go ou acréscimo no tempo final – isso também não poderia acontecer, pois só seria possível nas 12 últimas voltas da corrida. Com isso, a penalização caiu, Schumacher ficou com a vitória e os comissários foram afastados.

Mudança no vencedor 12 dias após a corrida

O GP do Brasil, atualmente GP de São Paulo, certamente é uma das etapas que mais rende boas histórias na F1. Não apenas por Interlagos proporcionar boas corridas, mas quase sempre a etapa brasileira tem um importante fator: a chuva – e foi isso que embolou o GP de 2003. Naquele ano, as condições trouxeram um verdadeiro caos à prova, que contou com inúmeros acidentes, interrupções e abandonos. Rubens Barrichello, inclusive, era o líder quando sua Ferrari teve problemas e precisou deixar a corrida.

Nisso, Kimi Räikkönen assumiu a liderança, mas precisou lidar com um Giancarlo Fisichella bastante rápido após uma boa estratégia da Jordan. Na volta 54, Fisio passou o finlandês e tomou a ponta, e instantes depois, Mark Webber bateu na Curva do Café e Fernando Alonso veio na sequência, com a direção de prova dando bandeira vermelha e encerrando a corrida, dando a vitória ao italiano, o que muitos pensavam.

Acontece que a direção de prova indicou que Giancarlo não liderava a volta anterior à interrupção e deu o triunfo a Kimi – inclusive, o pódio contou apenas com a dupla, já que Alonso abandonou. Mas ainda haveria mudanças, pois dias mais tarde a FIA declarou que, sim, Fisichella era o vencedor e na corrida seguinte, em Ímola, Räikkönen entregou o troféu de ganhador ao adversário.

O GP com apenas seis carros

Essa é provavelmente uma das histórias mais inacreditáveis da F1. O GP dos Estados Unidos de 2005, em Indianápolis, viu apenas seis carros largarem, tudo por conta de falhas nos pneus Michelin. Desde os treinos da sexta-feira, os compostos já mostraram que seriam um grande problema, pois Ricardo Zonta e Ralf Schumacher sofreram acidentes durante as sessões após perda de pressão do pneu traseiro esquerdo, tudo por conta de mudanças feitas no asfalto para as 500 Milhas daquele ano – a F1 usava duas curvas do circuito oval.

Na época, os compostos usados na classificação deveriam ser usados na corrida e não havia troca, apenas reabastecimento durante os pit-stops. Então, antes da classificação, a fornecedora anunciou: não saberia se seus pneus aguentariam. Vale lembrar que ainda existiam duas fábricas fornecendo os pneus naquele ano, sendo a segunda a Bridgestone.

Após a tomada de tempos ser realizada sem grandes problemas, pilotos e equipes esperavam uma posição da FIA, dizendo que correriam até mesmo sem distribuir pontos e dinheiro, mas a entidade negou. Então, chegou o dia da prova e após a volta de apresentação, os carros com pneus Michelin voltaram aos boxes e apenas os seis com Bridgestone correram, tendo vitória de Michael Schumacher.

Corrida valendo o dobro de pontos

A F1 decidiu inovar na decisão do campeonato de 2014. Para aquele ano, decidiu que o GP de Abu Dhabi, última etapa do calendário, iria distribuir nada menos que o dobro de pontos. Lewis Hamilton e Nico Rosberg chegaram disputando o título e separados por apenas 17 pontos – o alemão poderia levar o caneco caso vencesse e o inglês terminasse em terceiro. Acontece que, no final, Lewis ganhou a prova e seu primeiro título com a Mercedes, enquanto Nico teve problemas e terminou apenas em 14º. A ideia de pontos dobrados terminou naquela prova mesmo.

Corrida sem “nenhuma” volta

O GP da Bélgica de 2021 ficou marcado nos livros por conta de ter acontecido, mas não ter sido disputado. Isso tudo por conta da forte chuva que caiu durante todo o final de semana de etapa, mas piorou e apertou no dia da corrida – na classificação, a situação já estava complicada e Lando Norris chegou a sofrer um forte acidente. Então, quando chegou o momento da largada, por motivos de segurança, a direção de prova decidiu adiar o início, e assim foi fazendo ao longo de toda a tarde. Os pilotos chegaram a sair atrás do safety-car e completaram duas voltas de apresentação antes de uma bandeira vermelha ser chacoalhada. Horas mais tarde, os competidores saíram mais uma vez para três giros e, depois, o encerramento da disputa e o resultado definido assim. Metade dos pontos foram distribuídos, Max Verstappen venceu e George Russell, com a Williams, conseguiu seu primeiro pódio na F1.