Valtteri Bottas surpreendeu ao revelar, em entrevista ao motorsport.com, que viveu em um estado de ‘negação’ durante seus cinco anos na Mercedes. Contratado em 2017 para assumir o lugar de Nico Rosberg, ele encarou a difícil missão de ser companheiro de Lewis Hamilton, o grande dominador da era híbrida da Fórmula 1.
“Precisava estar em negação. Foram quase cinco anos assim, porque a cada temporada eu queria chegar e brigar pelo título. Tinha que acreditar em mim mesmo”, afirmou Bottas. O finlandês, porém, reconhece que, apesar dos esforços, a realidade na pista impôs uma dura verdade: “Só no último ano, com Lewis, eu pude aceitar para mim mesmo que, com carros iguais durante toda uma temporada, eu realmente tinha dificuldades para superá-lo e que ele provavelmente é melhor em alguns aspectos. Para um piloto, admitir isso é difícil.”
Para Bottas, a franqueza da Mercedes foi fundamental. Não foram necessárias grandes discussas ou ultimatos: “Eram reuniões bem abertas. Tudo era baseado em fatos e no que os dados mostravam. Era possível ver a diferença média nas sessões de classificação e no ritmo de corrida. Nada era evitado.” O contexto, porém, era delicado. Com um contrato renovado ano a ano, o piloto sabia que precisava pisar em ovos. “Não me arrependo porque era uma situação complicada. Eu sabia que, se quisesse brigar pelo título, precisava me dedicar completamente à equipe. Se começasse a criar casos, perderia meu emprego facilmente. Eles sempre poderiam conseguir outro piloto”, finalizou Bottas.
A sinceridade do atual piloto da Sauber (Alfa Romeo até o final da temporada 2023) sobre os bastidores de sua passagem pela Mercedes, lança luz sobre as pressões psicológicas enfrentadas por um piloto de ponta quando enfrenta um companheiro de equipe dominante. A ‘negação’, como ele mesmo definiu, foi um mecanismo de sobrevivência necessário para continuar lutando e acreditando em seu potencial. Mas admitir que Hamilton o superava, mostra o respeito ao britânico e a honestidade consigo mesmo.