O sonho da Andretti-Cadillac de ingressar na Fórmula 1 pode agora se tornar um embate legal, segundo dois renomados jornalistas esportivos. Após quatro meses de espera desde a aprovação pela FIA da proposta da Andretti para se tornar a décima primeira equipe, a FOM, detentora dos direitos comerciais controlados pela Liberty Media, rejeitou a entrada da equipe no início desta semana.
A resposta da FIA, liderada por Mohammed Ben Sulayem, foi: “Estamos em diálogo para determinar os próximos passos”. O fato de o órgão regulador do esporte não ter simplesmente apoiado a Liberty Media é revelador, em meio a um conflito político mais amplo entre a Liberty Media e as atuais equipes do grid da F1.
Com isso, a Andretti agora se encontra no centro do conflito entre a Liberty Media e a FIA, conforme aponta Bianca Garloff, renomada jornalista de F1 para a Auto Bild.
Mesmo após a rejeição formal pela F1, a Andretti-Cadillac não desistiu. “Estamos orgulhosos do progresso significativo que já alcançamos no desenvolvimento de um carro e unidade de potência altamente competitivos, com uma equipe experiente por trás, e nosso trabalho continua em ritmo acelerado”, afirmou a equipe em um comunicado.
Dois jornalistas de F1 acreditam que a próxima etapa pode ser uma ação legal. Jean-Michel Desnoues, da Auto Hebdo, afirma que a F1 não pode simplesmente declarar o caso Andretti como um desfecho óbvio. “Nenhum dos argumentos realmente se sustenta. Eles já demonstraram à FIA ter as capacidades humanas, técnicas e financeiras para formar uma equipe competitiva. Com base em quê a detentora dos direitos comerciais pode fazer esse julgamento? Quem é mais competente do que os técnicos da FIA? Diante da fragilidade dos argumentos da F1, parece que a Andretti ainda nutre alguma esperança. Uma batalha legal pode estar prestes a começar.”
Roger Benoit, um dos jornalistas mais antigos da F1, vê a decisão sobre a Andretti como um golpe nos fãs que desejam ver mais carros na pista. Em seu artigo para o Blick, ele afirmou: “A Fórmula 1 continua a fazer seu próprio show, desta vez com um recorde de 24 corridas em 41 semanas. E absurdos como permitir nomes de equipes como ‘Visa Cash App RB’ e ‘Stake F1 Team’. Quem quer aumentar constantemente o espetáculo e adicionar novos circuitos urbanos pelo menos deveria levar os fãs em consideração.”
Janne Palomaki, escrevendo para o jornal finlandês Iltalehti, sugeriu que a rejeição da Andretti-Cadillac pela F1 é puramente política e financeira. “A tarefa (para a Andretti) era impossível desde o início. As equipes simplesmente não queriam mais concorrência, pois a categoria finalmente começou a gerar dinheiro após os anos difíceis da pandemia. Mas o surgimento de novas dinastias agora é impossível sob as regras atuais. É possível que a saga se mude para os tribunais em breve.”
A Andretti não aceitou sua derrota de forma simples e tranquila, e uma vez que obteve o direito de participar pela FIA, muitos consideram a situação injusta e uma ação legal, não só cabível como também necessária.