Bia Figueiredo é a primeira mulher a pilotar na TCR South America

Depois de quebrar muitas barreiras no automobilismo brasileiro e até mundial, numa carreira de 28 anos, Bia Figueiredo passou a ser, neste último domingo (16/12), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, a primeira mulher a pilotar um carro da TCR South America, categoria turismo com diversos modelos idênticos externamente aos carros de ruas, que teve o seu primeiro campeonato disputado no Brasil, no Uruguai e na Argentina no ano passado, decidido na oitava e última etapa de 14 corridas.

Convidada por Nonô Figueiredo, chefe de equipe da Cobra Racing Team, Bia fez um teste especial num Audi RS3 LMS TCR, que tem as mesmas características técnicas de equilíbrio dos demais carros da nova categoria, com motor 2 litros, quatro cilindros e 350 cavalos de potência máxima.

“A nossa ideia é que a Bia Figueiredo vá se familiarizando com o carro para que possa ser uma atração a mais no campeonato deste ano, em qualquer uma das equipes. Mesmo porque o TCR South America 2022 tem tudo para crescer em número de carros e ser ainda mais disputado e equilibrado do que já foi na primeira temporada”, adiantou Nonô Figueiredo.

Primeira brasileira a correr em uma categoria top do automobilismo mundial, a Fórmula Indy, onde foi também a nossa única representante a fazer parte do grid da tradicional e famosa 500 Milhas de Indianápolis, corrida em que chegou a largar numa importante 12ª posição, Bia Figueiredo ficou muito feliz com o fato de ser a primeira mulher a pilotar um TCR South America e, depois do teste, explicou que vê com bons olhos a possibilidade de ingressar na disputada categoria.

“Este foi um convite do Nonô que veio em boa hora. É claro que quando se tem essa oportunidade, há interesses em comuns de fazer algo juntos. Conheço muito bem o Maurício Slaviero, que comanda essa categoria no Brasil. Desde que ele trouxe a TCR South America, a gente vem conversando para eu participar nela porque tenho muita vontade que esse projeto aconteça com o próprio Nonô e num Audi RS3. Mas desse primeiro teste a uma real efetivação tem um quebra-cabeça de acertos externos e um bom caminho pela frente. Mas gostaria muito de se tornar também a primeira mulher a correr nesta importante disputa sul-americana”, adiantou Bia Figueiredo, que no ano passado, retornando de uma gravidez praticamente consecutiva e inesperada do segundo filho, Matheus, que está com apenas três meses, teve que deixar o automobilismo meio que de lado e só fez duas provas participando, em março, de um trio feminino na etapa de Sebring no IMSA e, em dezembro, da última etapa da Porsche Cup, em Interlagos, com outro trio feminino na pista.

Bia Figueiredo no cockpit do Audi RS3 LMS TCR
Bia Figueiredo no cockpit do Audi RS3 LMS TCR (Foto Renato Maia – Divulgação)

Quanto à sua adaptação ao Audi RS3 TCR South America, Bia comentou que teve uma certa dificuldade no início por ter tração dianteira.

“Confesso que estou muito acostumada a pilotar carros com tração traseira. Assim, logo nas primeiras voltas senti que não seria fácil me acostumar com um carro liderado pela frente. Como você não tem a tração traseira para ajudar, ele acaba sempre saindo das curvas um pouco mais de frente. Mas quando a gente se acostuma a deixar a traseira um pouco mais solta, você sente que o carro rotaciona melhor todas as rodas, até pelos acertos de suspensão, de asas e de calibragens de pneus que eu e a equipe fomos executando”, explicou Bia.

Desde que ingressou nas categorias mais competitivas do nosso automobilismo e mundial, Bia Figueiredo sente que foi uma certa inspiração para o crescimento no número de mulheres pilotos em nosso país, com boa representatividade atualmente até no exterior. “Acho isso sensacional – lembrou — porque, na verdade, sempre lutei na minha carreira por igualdade, seja homem ou mulher, que todos sejam competentes e capazes. Mas acredito que o alicerce ainda maior é a própria mudança social da mulher em todo o mundo”, disse Bia Figueiredo.

Bia disputou a Stock Car de 2014 a 2019 e, de agora em diante, com seus 36 anos, pretende voltar a fazer temporadas inteiras novamente. E quem torce para ela fazer este ano a primeira completa na TCR South America é o próprio Nonô Figueiredo.

“Desde muito tempo, conheço as qualidades técnicas da Bia. Além de se destacar na importante F-Indy, como a maioria lembra, foi a primeira mulher do mundo a vencer na Firestone Indy Lights, a única a ganhar provas na Fórmula Renault brasileira e a conquistar uma pole position na Fórmula 3 nacional. Para quem não se lembra, disputou e venceu o concorrido Desafio das Estrelas, torneio anual de kart organizado por Felipe Massa. Com este invejável currículo, não tem como negar que será uma das atrações da TCR South America 2022, caso seja realmente efetivada mais adiante a sua participação”, finalizou o chefe de equipe do Cobra Racing Team.

 

 

 

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