Fórmula 1: Adrian Newey critica impacto do teto orçamentário

Adrian Newey, renomado projetista técnico e prestes a assumir um cargo na Aston Martin, revelou que a Fórmula 1 deixou de ser a “indústria mais bem remunerada” no automobilismo devido às penalidades ocultas associadas ao teto orçamentário.

Desde sua implementação em 2021, o limite financeiro foi introduzido para equilibrar a competição na pista, evitando que equipes com orçamentos maiores dominassem o campeonato. No entanto, segundo Newey, essa restrição está afetando negativamente a contratação e retenção de profissionais qualificados, além de afastar novos talentos da categoria.

“O controle de custos é necessário para impedir que a equipe com o maior orçamento sempre vença, o que eu concordo plenamente,” declarou Newey à Auto Motor und Sport. “No entanto, o teto orçamentário traz consigo várias penalidades ocultas. Uma delas é que a Fórmula 1 não é mais a indústria mais bem paga no esporte a motor.”

Newey explicou que, anteriormente, a maioria dos profissionais que deixavam a Red Bull se transferia para outras equipes da Fórmula 1. Agora, muitos estão migrando para setores como empresas de tecnologia e campeonatos como o Mundial de Endurance (WEC), que oferecem remuneração superior.

“Estamos tendo dificuldades em atrair recém-formados porque a F1 não pode mais pagar os melhores salários. Isso cria desafios inesperados,” acrescentou.

O engenheiro também argumenta que o regulamento atual poderia ser mais flexível, uma vez que o teto limita os gastos com engenharia. “O medo de que gastar mais signifique desaparecer do esporte teoricamente desapareceu. Portanto, deveria haver mais liberdade nos regulamentos, mas não é o que está acontecendo.”

Regulamentações cada vez mais complexas

Newey também comentou sobre a evolução das regras técnicas na Fórmula 1 desde o início de sua carreira, nos anos 1980. Ele comparou a simplicidade das normas de antigamente com o cenário atual, que considera excessivamente restritivo.

“Quando comecei na Fórmula 1, eu tinha em minha mesa uma cópia das Regulamentações Técnicas de 1973. Eram três ou quatro páginas. Agora, temos uma espécie de ‘bíblia’ regulatória, e isso sem contar as diretivas técnicas,” disse Newey.

Ele lamentou a perda de liberdade criativa que, segundo ele, era característica das décadas passadas. “Os períodos em que tive mais liberdade técnica foram os que mais gostei,” concluiu.

Novo desafio na Aston Martin

Ao se juntar à Aston Martin, Newey terá como um de seus primeiros desafios trabalhar no desenvolvimento das regulamentações previstas para 2026. A equipe espera que sua vasta experiência ajude a aproximá-los das equipes de ponta no grid.

A Red Bull, por sua vez, segue reformulando sua equipe técnica após a saída de Newey e de outros membros-chave em 2024. O RB21, carro para a temporada 2025, fará seu shakedown no circuito de Sakhir, no Bahrein, em 25 de fevereiro. A temporada começará com o GP da Austrália, entre os dias 14 e 16 de março.



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