Brown faz críticas ao forte lobby das equipes na F1

O CEO da McLaren, Zak Brown, acusou seus rivais da F1 de ‘fazer testes para uma pantomima’ após o lobby ‘excessivo’ do diretor de corridas da FIA, Michael Masi, na temporada passada.

Em uma coluna contundente no site da McLaren, Brown acredita que a F1 tem culpa pela bagunça em que se encontra atualmente, dada a investigação em andamento da FIA sobre o evento final da temporada 2021 em Abu Dhabi.

Para esse fim, Brown está exigindo uma liderança mais dura dos dirigentes da categoria, do CEO da F1, Stefano Domenicali, e do novo presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, pois acredita que as equipes atualmente exercem muito poder e é hora de mudar isso.

Os sinais de dificuldades organizacionais, puderam ser vistos principalmente no GP da Austrália de 2020 e no GP da Bélgica do ano passado, ambos marcados por uma aparente falta de preparação para os eventos que se desenrolam e inércia temporária nas soluções.

“A eleição de Mohammed Ben Sulayem em dezembro passado como novo presidente da FIA, oferece a oportunidade de reforma coletiva da forma como a Fórmula 1 opera”, disse Brown.

“É óbvio focar nos eventos de Abu Dhabi no final da temporada passada, que são objeto de uma investigação da FIA, mas isso foi um sintoma e não uma causa, na minha opinião.”

“Houve problemas sistêmicos em torno do alinhamento e clareza sobre quem faz as regras, a FIA ou as equipes, que se manifestaram nos últimos dois anos, às vezes de maneira importante.”

“Mais clareza sobre os papéis da FIA e da F1, e a necessidade de maior liderança na caregoria, sem dúvida, estarão na agenda de Mohammed Ben Sulayem e Stefano Domenicali e suas respectivas equipes.”

“As administrações anteriores seguiram um estilo de governança principalmente autocrático, então, para apontar o esporte na direção certa, era necessário adotar uma abordagem mais consultiva com equipes e partes interessadas, mas agora que a categoria foi redefinida com sucesso, no futuro, é necessário voltar a uma liderança e governança mais fortes e diretivas no topo”, disse ele.

“Está claro que algumas das regras e sua governança não são aceitáveis da forma como as coisas estão. Ninguém está feliz com a inconsistência no policiamento do regulamento, mas que tem sido habitualmente explorado pelas equipes para obter vantagem competitiva. Eu disse antes que as equipes têm muito poder e isso precisa ser reduzido.”

“Temos um papel significativo na elaboração dos regulamentos e governança da Fórmula 1, e essa influência nem sempre é impulsionada pelo que é melhor para a categoria.”

“Sim, as equipes devem ser consultadas e suas perspectivas consideradas, particularmente em questões estratégicas de longo prazo. Mas às vezes parece que o esporte é governado por certas equipes.”

Notavelmente, Brown também deixou claro o papel que as equipes desempenharam no final da corrida em Abu Dhabi, que levou ao amargo fim para a Mercedes e Lewis Hamilton, especialmente.

“Não esqueçamos que nós, as equipes, contribuímos para as inconsistências no policiamento dos regulamentos tanto quanto qualquer um”, acrescentou Brown.

“Foram as equipes que pressionaram para evitar terminar as corridas com um carro de segurança a todo custo. Foram as equipes que votaram a favor de muitos dos regulamentos dos quais reclamaram depois.”

“São as equipes que estão usando a transmissão de mensagens de rádio para o diretor da corrida, para tentar influenciar as penalidades e os resultados da corrida.”

“Isso não foi edificante para a F1. Às vezes, parecia uma audição de pantomima, e não o auge de um esporte global.”

Expressando esperança por um futuro melhor, Brown disse: “Estou confiante de que veremos uma liderança maior da FIA e da F1, e que coletivamente, como guardiões do esporte, nos concentraremos em evoluir a categoria e não fugir da responsabilidade quando se trata de desafios difíceis”, finalizou.